O diretor de política econômica do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou, na última sexta-feira (1º), a ousadia da instituição ao iniciar o corte de meio ponto percentual nas taxas de juros. A autoridade ressaltou que essa decisão representou um compromisso com um alto nível de risco, que até agora tem mostrado resultados favoráveis.
“Fazer o Forward Guidance é um esporte de altíssimo risco, especialmente para autoridades monetárias de países emergentes, ao mesmo tempo em que sinaliza para o mercado retirar volatilidade, corre risco de ser pego de surpresa”, disse em palestra no evento Hora da Retomada, promovido pelo Money Report, em São Paulo.
Segundo Galípolo, a instituição foi ousada ao iniciar o ciclo de cortes de meio ponto percentual, ao mesmo tempo em que assumiu um guidance específico. Ele ressaltou que essa abordagem representou um comprometimento com um alto nível de risco, que até o momento tem mostrado resultados positivos.
Na ocasião enfatizou que foi possível encontrar um ritmo de corte que permitiu uma adaptação adequada da política monetária diante do cenário de desinflação projetado.
“O BC foi corajoso em iniciar o ciclo de cortes de meio ponto percentual e simultaneamente assumir esse guidance que está na redação do comunicado do BC. Ao imaginar que ao realizar o cenário projetado, a gente vislumbra os cortes para as próximas reuniões, a gente se engajou no alto risco que até agora se pagou. A gente achou um pace, um ritmo de corte que permitiu ajustar um ritmo de contração da política monetária, num cenário de desinflação”, continuou.
Galípolo avalia que arrecadação positiva impulsionou
Ainda em sua fala, Galípolo ressaltou a contribuição de outros indicadores para trazer mais estabilidade às previsões do mercado. Ele mencionou a arrecadação federal favorável registrada em janeiro, juntamente com a mudança na trajetória de aumento das taxas de juros pelo Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos.
O diretor de política econômica ressaltou que final do ano passado, as opiniões predominantes indicavam que o corte do FED começaria em março e seria desafiador passar por esse mês sem uma alteração na meta fiscal. Atualmente a situação é diferente.
A arrecadação positiva parece ter dissipado as preocupações sobre a meta para o primeiro trimestre, e o mercado está cada vez mais convencido de que o corte do FED não ocorrerá em março, mas sim mais para o meio do ano.
“No final do ano passado, a gente encontraria mais opiniões de que o corte do FED começaria em março e que provavelmente seria difícil passar por março sem uma mudança na meta fiscal. Hoje, tem o sinal trocado. A arrecadação positiva parece ter afastado a discussão sobre meta para esse primeiro trimestre, e o mercado vai consolidando de que o corte no FED não virá em março, mas lá para o meio do ano”, disse.