O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira (22) que as eventuais divergências entre os integrantes do Copom (Comitê de Política Monetária) são bem menores do que muitos imaginam.
Galípolo participou de uma reunião do Conselho Superior de Economia (Cosec) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.
“Do ponto de vista prático, a divergência que existe no Copom é muito menor do que pode parecer ou do que está sendo muitas vezes colocado”, afirmou. “Era uma divergência sobre como você iniciava o ciclo de corte, entre 0,25 e 0,5 ponto percentual”, disse o diretor. As informações são do portal Metrópoles, parceiro do BP Money.
Na última reunião do Copom, a taxa Selic foi reduzida em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Galípolo foi um dos que votaram pela diminuição de 50 pontos-base, assim como o presidente do BC, Roberto Campos Neto. O placar foi apertado: 5 a votos a 4.
Segundo Galípolo, o Copom foi “muito corajoso” ao decidir por uma redução maior da taxa de juros. “Analisando o que está acontecendo, o Brasil tem espaço para iniciar esse ciclo de corte, mantendo a política monetária em uma zona contracionista e observando quando vai se dar essa reancoragem total”, afirmou.
Campos Neto: processo inflacionário ainda não está resolvido
Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o processo inflacionário do Brasil está longe de ser resolvido, embora parte dos serviços tenha começado a cair. Em palestra na 24ª conferência anual do Santander (SANB11) Brasil, o economista relembrou os problemas desencadeados pela pandemia e que ainda perduram.
Foram injetados na economia US$ 9 trilhões em incentivos fiscais e monetário, para uma economia global de US$ 80 trilhões. “A gente entendia que ia ver uma inflação um pouco mais persistente”, afirmou.
“Na verdade, o dinheiro colocado em circulação e o estímulo foi tão grande que fez se criasse um excesso de poupança por um prazo longo. E quando estimulou a demanda de bens, estimulou também a demanda de energia. Então, teve uma inflação de bens junto com a inflação de energia, que depois se agravou com a guerra (na Ucrânia)”, explicou.
Todos os Bancos Centrais subiram os juros no período pós-pandema e só agora a inflação global começa a cair. “Mas quando a gente olha os núcleos de inflação, eles estão bastante persistentes”, disse.
Sobre meta de inflação, Campos Neto lembrou que houve um debate no início do ano que gerou muito ruído sobre qual seria o patamar ideal para o Brasil. “A gente sempre advogou que aumentar a meta não dava grau de liberdade, ao contrário, nos retirava. Em vários países, as metas de inflação estão entre 2% e 3%”, comparou.
Mas destacou que o Brasil é um dos poucos países que está com as expectativas de inflação, tanto em 2023, quanto em 2024 e 2025 dentro do intervalo da meta.