Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC (Banco Central), disse a empresários que é um equívoco tentar antecipar os próximos passos da autarquia baseado em apenas uma variável.
“O Banco Central vai estar sempre na posição de não tomar risco. Do ponto de vista das variáveis, seria um equívoco tentar antecipar a decisão que o BC vai tomar olhando apenas uma variável. Temos uma série de dados que precisam ser analisados”, afirmou o diretor, durante o evento Conexão Empresarial, realizado em Belo Horizonte.
Galípolo é creditado como o provável indicado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para assumir a presidência do BC a partir do ano que vem.
Conforme o diretor do BC, a autarquia deve aguardar, tentar capturar o máximo de dados e estar aberta para a próxima reunião do Copom (Conselho de Política Monetária).
O BC tem observado o câmbio e uma série de outras variáveis, segundo Galípolo. Um nível mais baixo de desemprego, recordes no crescimento de renda, mercado de trabalho que está acirrado e o PIB sendo revisado para cima, são pontos que entram para a conta.
“Todos nós entendemos como um êxito a possibilidade que as pessoas possam ganhar mais dinheiro. Ninguém tem sentimento perverso de torcer pelo contrário. Mas a função é tomar cuidado para que esses fatores não provoquem um desarranjo, que cause crescimento da demanda muito acelerado em relação à oferta e isso possa gerar algum tipo de pressão inflacionária, que vai no fim do dia corroer o ganho de poder aquisitivo que a população esteja tendo”, disse, de acordo com o ‘Valor”.
“A função do BC é ser o chato na festa. Quando a festa está ficando legal, pede para os outros abaixarem o volume”, afirmou Galípolo.
Governo discute indicar Galípolo para presidir BC em duas semana
O governo discute indicar, em duas semanas, o nome de Gabriel Galípolo para a presidência do BC (Banco Central), em substituição a Roberto Campos Neto, cujo mandato vai até o final do ano. Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de política monetária do BC, conquistou ainda mais força para suceder Campos Neto.
Interlocutores de cúpula do governo admitem, anonimamente, que o nome de Galípolo deve ser oficializado, pois o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria chegado à conclusão de que é mais fácil designar a presidência do banco para um nome interno da diretoria.
Segundo assessores próximos, o presidente Lula ficou convencido de que seria uma operação mais complexa e turbulenta escolher alguém de fora do banco para assumir a presidência.
Diante disso, os governistas passaram a debater a oficialização da escolha de Galípolo o mais rápido possível para abrir uma nova vaga de diretor no órgão.
Com a vaga de Galípolo aberta, o governo poderia, aí sim, começar a debater com “mais tranquilidade” uma indicação externa para ocupar esse cargo no colegiado do BC. A informação é do “Valor”.