Petróleo e ouro são primos distantes que moram na mesma “casa” (ou setor), porém quase nunca são confundidos. Caso você não esteja tão habituado com o mercado financeiro, a gente te explica: ambos são commodities, produtos de origem primária que servem como matéria-prima para a fabricação de outros produtos.
Por mais que estejam ligados por essa semelhança, suas características são bem específicas e, principalmente seus preços, são bem divergentes. Entretanto, o custo da gasolina no Brasil faz diversos cidadãos questionarem se estão comprando uma riqueza, como o ouro, ou apenas abastecendo seus automóveis.
Deixando o exagero de lado, a situação é séria. O preço do litro da gasolina já ultrapassa os R$ 7 em três regiões do país – Norte, Sudeste e Sul -, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) referentes à semana de 22 e 28 de agosto. A gasolina já acumula alta de 2,2% neste mês, sendo 0,5% somente na última semana.
O valor médio para agosto, de R$ 5,90, é o maior dos últimos 20 anos em termos nominais e, desde o início de 2021, o combustível aumentou quase 51%.
Qual o motivo?
Um dos principais é a cotação do petróleo no mercado internacional. O barril do tipo Brent – negociado em Londres e usado como referência pela Petrobras para cálculo de preço – avançou cerca de 40% desde o início do ano, pressionando os valores dos combustíveis fósseis em geral.
A Petrobras, que fornece para as distribuidoras, calcula o preço nas refinarias com base na cotação do petróleo e na taxa de câmbio, pois a commodity é cotada em dólar. Nesse sentido, a valorização da moeda norte-americana, acumulada em 1,55% em 2021, também forçou a gasolina para cima. A estatal elevou o preço do combustível nove vezes somente neste ano.
Outro item que contribui para o aumento da gasolina é o preço do etanol. No Brasil o etanol hidratado é vendido como combustível nos postos e o etanol anidro é misturado à gasolina na razão de 27%. Os dois estão em alta, especialmente após a crise hídrica ter prejudicado o resultado da safra de cana-de-açúcar 2021/2022, que está abaixo da produção do ciclo anterior
E existe previsão de melhora?
Bem, infelizmente essa pergunta é difícil de responder. Segundo analistas, apesar dos aumentos da gasolina em 2021, ainda há defasagem em relação ao mercado internacional, o que deve ser recomposto gradualmente pela Petrobras ao longo do tempo, à medida em que o preço do petróleo evolui no exterior.
Para se ter uma comparação, nesta segunda-feira (30), o petróleo reduzia perdas registradas na semana passada e operava cotado a US$ 71,61 o barril do tipo Brent.
Não há, então, para onde correr. A queda no valor da matéria-prima não está ao alcance da Petrobras agora, pelo menos não enquanto o real sofrer tamanha desvalorização frente ao dólar.
Fujam para as montanhas! Na verdade, a não ser que seja a pé, é melhor deixar a ideia pra lá. Por aqui, aguardaremos o momento em que o tom dourado seja a única união possível entre ouro e gasolina.