A fonte eólica, que usa a força dos ventos para produção de energia, já é conhecida no Brasil. A presença de turbinas em terra, no entanto, não é a única forma de geração de eletricidade. É possível colocá-las também no mar, a chamada energia eólica offshore.
Segundo aponta uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicada nesta terça-feira (12), este modelo de produção pode estar cada vez mais próximo no Brasil.
Realidade na Europa, Ásia e América do Norte, a eólica offshore começou a dar seus primeiros passos no Brasil, com pedidos de licenciamento no Ibama.
Até 30 de agosto deste ano, o órgão ambiental contabilizava 78 pedidos de licenciamento, somando 189 GW de potência instalada – quase a capacidade total de energia já instalada centralizada no país e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW).
A capacidade de exploração e as principais barreiras para o desenvolvimento de projetos constam do estudo Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono – elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e que será lançado na terça-feira (12), em Brasília, no evento pré-COP 28. O encontro vai reunir o setor produtivo, o governo e a sociedade civil para debater assuntos da Conferência da ONU sobre Mudanças Climática, que vai ocorrer em Dubai entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro.
A consolidação dessa cadeia de valor no Brasil pode impulsionar a economia e facilitar a retomada da industrialização. Além de oferecer uma fonte de energia limpa e renovável, o setor vai:
- atrair empregos e investimento;
- estimular o desenvolvimento tecnológico e científico;
- apoiar a promoção do hidrogênio de baixo carbono no país.
Potencial brasileiro da eólica offshore
Globalmente, estima-se que 260 GW podem ser gerados até 2030, elevando o total global de instalações eólicas offshore para 316 GW ao final desta década. Para isso, estão previstos investimentos na ordem de US$ 1 trilhão.
Os números globais ainda não repercutiram no Brasil, cujo aproveitamento do potencial energético offshore, de cerca de 700 GW (3,6 vezes a capacidade de energia já instalada no país), segue inexplorado. Mas por onde começar?
A CNI mapeou uma faixa costeira e identificou as regiões com maiores oportunidades de exploração:
- no Nordeste, é observada uma grande área de viabilidade na costa entre o estado do Piauí, do Ceará e no Rio Grande do Norte;
- também há uma área de grande interesse no Sudeste, entre os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo;
- e, na região Sul, observa-se uma área no estado do Rio Grande do Sul, na Lagoa dos Patos.
Com cadeias de suprimentos maduras nos setores relacionados à energia eólica onshore, petróleo e gás, o Brasil tem bagagem e experiência para alavancar a produção offshore nesses estados. Por exemplo, a ABEEólica, associação que reúne mais de 100 empresas do setor eólico no Brasil, tem 23 integrantes que estão alocados na categoria “Engenharia, Consultoria e Construção” e que poderão estender seus serviços para a indústria eólica offshore.
Além de ajudar o Brasil no cumprimento das metas definidas pelo Acordo de Paris, há a expectativa de que o setor eólico – onshore e offshore incluídos – empregue cerca de 2,2 milhões de pessoas até 2030 e mais 2,1 milhões até 2050 no mundo, segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis.