O aguardado novo pacote de corte de gastos deve sair em breve, com os Ministérios da Fazenda e Planejamento trabalhando com senso de urgência na revisão de gastos, segundo o analista político da XP, Paulo Gama. Mas há a preocupação de um impacto negativo na popularidade do governo do presidente Lula.
“Os ministérios da Fazenda e do Planejamento têm trabalhado com senso de urgência para apresentar todas essas medidas de revisão de gastos. Mas o tempo da política é diferente do tempo do mercado”, afirmou o analista no Morning Call da XP.
A equipe econômica está trabalhando especificamente em um escape para os efeitos do novo pacote fiscal sob o governo Lula “em termos de popularidade e comunicação com a população”, disse Gama.
“O que a gente vê é o time econômico preparando e levantando uma série de possibilidades para atacar o crescimento de algumas despesas obrigatórias, mas precisando ainda do crivo político, mais especificamente do presidente Lula”, ressaltou.
A tentativa do governo é enquadrar as despesas dentro do arcabouço fiscal, para limitar o crescimento delas como um todo, explicou o analista da XP, segundo o “InfoMoney”.
“Algumas despesas obrigatórias correm numa velocidade maior do que deveria. E é isso que o governo tenta atacar, reduzir a taxa de crescimento dessas despesas, pelo menos enquadrar a taxa de crescimento dentro desse limite máximo para que as despesas discricionárias não se achatem ao longo do tempo”, relatou.
O governo está discutindo o desenho das políticas públicas consideradas ineficientes ou pouco eficientes, segundo Gama. “As medidas não são fáceis de serem discutidas, mas há senso de urgência às propostas”, disse.
Governo vai proibir uso de cartão do Bolsa Família em bets
O ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, declarou nesta quinta-feira (17) que o governo determinou que o cartão do Bolsa Família não poderá ser utilizado para realizar aportes em apostas online, conhecidas como bets.
“Essa decisão já foi tomada e agora estamos trabalhando na implementação do ponto de vista técnico”, afirmou Wellington, após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).
De acordo com o ministro, os beneficiários do Bolsa Família que participam dessas apostas são uma “minoria”, e não se deve “demonizar” a situação.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de punição para os beneficiários que utilizarem o cartão para apostas, Wellington esclareceu que a questão envolve um procedimento técnico, que inviabilizará qualquer tipo de transação para esse fim.
“O cartão terá limite zero para o pagamento de apostas, com um bloqueio estabelecido nos sistemas das empresas”, explicou o ministro.