Grãos: preços disparam com fim de acordo da Rússia

Os preços do trigo tiveram reajuste de 11,3% na Bolsa de Chicago

O fim do acordo por parte da Rússia que permitia à Ucrânia exportar grãos pelo mar Negro encareceu o produto. No acumulado da terça-feira (18) e da quarta-feira (19), os preços do trigo tiveram reajuste de 11,3% na Bolsa de Chicago. Os do milho subiram 9,3%. Os dois cereais estão na lista das exportações da Ucrânia.

A alta ocorre em um momento em que os preços internacionais dos alimentos estão em queda. O Índice de Preços de Cereais de junho da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) aponta uma retração de 23,9% nos últimos 12 meses. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Apesar da importância da Ucrânia e da Rússia na oferta mundial de cereais, os preços não devem tomar as mesmas proporções do primeiro semestre do ano passado, após a invasão russa em território ucraniano.

A produção global de cereais sobe e deverá atingir 2,8 bilhões de toneladas na safra 2023/24, com alta de 1% sobre a anterior. A de milho vai a 1,22 bilhão, e a de trigo, a 797 milhões.

Fim de acordo entre Rússia e Ucrânia pode encarecer pão no Brasil

O fim do acordo entre Rússia e Ucrânia para a exportação de grãos no território ucraniano pode afetar boa parte do globo, incluindo o Brasil no pacote. 

Na segunda-feira (17), a Rússia informou que não vai prolongar o acordo de exportação de grãos ucranianos. Horas após o anúncio, um ataque de drones navais foi feito a uma ponte estratégica que liga o território do país à península anexada da Crimeia.

Em entrevista ao portal R7, Leonardo Paz, pesquisador do FGV NPII (Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas), disse que a suspensão poderá impactar o preço do trigo no País. 
“A medida pode ter impacto no Brasil e afetar o bolso do brasileiro. Na época do acordo, para ter uma referência, o preço dos grãos, na média, caiu no mercado global mais ou menos 20%. Então, é de se esperar que a gente comece a assistir um aumento dos preços de alguns desses grãos. No caso do Brasil, especialmente, o trigo, que afeta muito a cadeia, como o pão”, afirma o pesquisador.

Já o presidente-executivo da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), Rubens Barbosa, que não haverá impacto maior em termos de abastecimento global, porque as exportações dos EUA e da Rússia, neste ano, estão adequadas para atender a demanda mundial.

“No caso do Brasil não há importação da Ucrânia e as importações da Rússia são normais”, explica Barbosa. “Os moinhos brasileiros não importam da Ucrânia e, neste ano, as importações da Rússia deverão ser superiores às do ano passado.”Ele cita que, em relação ao mercado global, houve pequeno aumento nas cotações da Bolsa de Chicago de 2% ou 3%.

O preço do pão francês chegou a variar 7,09% nos últimos 12 meses, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de junho, divulgado na semana passado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Já o preço da farinha de trigo aumentou 3,97% no mesmo período.