Transporte de ônibus em SP • Wilfredor/Wikimedia Commons
Transporte de ônibus em SP • Wilfredor/Wikimedia Commons

São Paulo enfrenta nesta terça-feira (9) uma greve de motoristas e cobradores de ônibus que já compromete o transporte público em várias regiões da capital. A paralisação começou por volta das 16h, depois que as empresas de ônibus pediram um novo prazo para pagar o 13º salário, previsto para sexta-feira (12).

Para reduzir os impactos no trânsito, a Prefeitura decidiu suspender o rodízio municipal de veículos. Assim, carros com placas finais 3 e 4 foram liberados para circular pela cidade.

O que motivou a greve

Segundo Valdemir dos Santos, presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores, já havia um acordo firmado com a Secretaria de Transportes. O combinado previa o pagamento da primeira parcela do 13º que já estava atrasada junto com a segunda parcela no dia 12 de dezembro.

No entanto, na segunda-feira (8), o sindicato recebeu um ofício das empresas pedindo um novo adiamento, sem indicar nova data. A decisão gerou revolta imediata entre os trabalhadores. “A categoria perdeu a confiança nas promessas das empresas. Final de ano o trabalhador necessita do 13º para passar o Natal com a família”, afirmou Santos.

Além disso, os motoristas reclamam do não pagamento do vale-refeição nas férias, benefício conquistado na última campanha salarial e que deveria ter sido pago em setembro.

Empresas alegam impasse contratual

O SPUrbanuss, sindicato das viações, justificou o pedido de prazo citando problemas contratuais e atrasos nos repasses da Prefeitura. Segundo as empresas, a revisão quadrienal dos contratos atualmente no Tribunal de Contas do Município e prevista para julgamento nesta quarta-feira (10) dificulta o cumprimento das obrigações trabalhistas.

Prefeitura reage e registra boletim de ocorrência

A Prefeitura contestou as alegações das empresas. Em nota, afirmou que os repasses estão em dia e que cabe às concessionárias arcar com o pagamento do 13º salário.

Atendendo a pedido do prefeito Ricardo Nunes, a Secretaria de Mobilidade Urbana e a SPTrans registraram um boletim de ocorrência contra as empresas que aderiram à paralisação sem aviso prévio. Segundo a gestão, a atitude viola a legislação vigente.

Regiões mais afetadas pela paralisação

A greve começou na garagem da viação Sambaíba, no Tremembé (zona norte), e se espalhou rapidamente. Usuários relatam falta de ônibus em diversos terminais, entre eles Tucuruvi, Grajaú e Campo Limpo. Empresas como Moobile, KBPX, Campo Belo, Viação Grajaú e Metrópole Paulista recolheram parte de suas frotas.

Além disso, a paralisação ocorre em meio às fortes chuvas que atingem a capital, deixando passageiros sem alternativas de deslocamento. Nas redes sociais, usuários relatam esperas superiores a uma hora sem qualquer aviso prévio sobre a interrupção dos serviços.

Próximos passos

O sindicato afirma que manterá a greve nesta quarta-feira (10) caso as empresas não garantam o pagamento do 13º salário e do vale-alimentação. Assembleias estão previstas para a madrugada de quarta, quando os trabalhadores devem decidir os rumos do movimento.