BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A venda de equipamentos de 5G para as empresas que terão de prestar o serviço no país se tornou uma preocupação para o GSI (Gabinete de Segurança Institucional). O órgão teme que elas adquiram produtos de um único fornecedor e que isso provoque vulnerabilidades na rede.
Instrução normativa do GSI e resolução da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) sobre os requisitos mínimos que devem ser seguidos na implantação da tecnologia determinam a subcontratação de fornecedores distintos. A intenção é que uma mesma região tenha, pelo menos, duas prestadoras que utilizem equipamentos de fornecedores diferentes.
“Imagina se São Paulo está apenas na mão de um fornecedor e tem uma vulnerabilidade que ele não consegue corrigir em tempo, sanear, toda a rede estaria comprometida”, explicou Victor Hugo da Silva, coordenador-geral de Gestão de Segurança da Informação do GSI, durante audiência no Senado.
A chinesa Huawei tem negociado a venda de equipamentos com praticamente todas as operadoras que deverão ofertar o 5G nas capitais até julho de 2022.
Além de ter dito a ameaça de banimento do mercado brasileiro praticamente afastada pelo governo Jair Bolsonaro, a crise hídrica ajudou a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo a obter vantagem.
A escassez de água fez o preço da energia elétrica atingir um dos patamares mais elevados, o que levou a Huawei a se tornar um importante atrativo para Claro, Vivo e Tim, principais vencedoras do leilão da telefonia de quinta geração concluído no dia 5 de novembro.
Isso porque, embora o preço dos equipamentos da gigante chinesa não seja tão mais barato que o das concorrentes Ericsson e Nokia, o custo de manutenção chega a cair 40%.
Pessoas que participam das negociações afirmam que, somente no quesito economia de energia, o custo final da operação de 5G sairá 30% mais barato com Huawei do que de qualquer outro fornecedor.
Outra preocupação demonstrada pelo coordenador foi com o possível aumento de ataques hackers após a largada das novas redes de quinta geração.
” Vai ter mais pontos por onde entrar os ataques. A questão da comunicação máquina-máquina massiva, ou seja, ataques poderão estar ocorrendo em evolução e, se de uma maneira dissuadida, dissimulada, poderá ter até uma percepção tardia do ser humano. A resposta rápida, ao mesmo tempo que é um benefício para o usuário, é para o atacante”, disse.
O leilão do 5G ocorreu no início de novembro. As maiores operadoras de telefonia móvel do país, Claro, Vivo e Tim, arremataram as principais faixas.
Juntas essas empresas pagarão R$ 6,8 bilhões em outorgas para a União. Foram arrematadas licenças nas frequências de 700 MHz (megahertz) e de 2,3 e 3,5 GHz (gigahertz).
Claro, Vivo e Tim também ficaram com os lotes nacionais que carregam o compromisso de implementação de projetos de conectividade em escolas públicas. Tim, Algar Telecom e Fly Link levaram lotes regionais que possuem a mesma exigência.
A previsão é de que a tecnologia comece a chegar ao Brasil em 2022, primeiro nas grandes cidades e depois nos demais municípios do país.
Entre os benefícios prometidos aos usuários estão uma maior velocidade de conexão, tanto para baixar quanto para enviar arquivos pelo celular, além de um tempo de resposta mais ágil e maior estabilidade.