Ex-ministro da Economia

Guedes critica BCs: estão ‘dormindo ao volante’

As declarações ocorreram durante um evento realizado pelo Avenue Connection

Foto: BP Money
Foto: BP Money

O ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, compartilhou nesta quinta-feira (25) suas perspectivas sobre a evolução da economia global, mudanças nos estilos de investimento e a atual ordem mundial. As declarações ocorreram durante um evento realizado pelo Avenue Connection, que foi marcado por reflexões profundas de Guedes.

A palestra de Guedes ofereceu uma visão abrangente e crítica das transformações econômicas e políticas globais, destacando a importância de adaptações estratégicas em tempos de mudança.

Mudanças no estilo de investimento

Guedes começou abordando como o cenário macroeconômico e os estilos de investimento mudaram ao longo do tempo. “À medida que a macroeconomia foi se estabilizando e a economia adquirindo uma certa normalidade, o estilo de investimento também mudou”, disse ele.

“Antes, era basicamente macro de alta frequência, tudo ou nada em uma direção só. Agora, o estilo de investimento se aprimorou, movendo-se de um perfil de trader para um de compra e venda”, acrescentou.

Guedes também destacou sua experiência pessoal com investimentos em educação, afirmando que, antes de ingressar no governo, havia dedicado 12 anos a esse setor, com um aporte de 300 milhões de reais. “Há 15 ou 20 anos, estava claro para mim que investir em educação era o melhor negócio.”

Guedes fala sobre ambiente macroeconômico global

O ex-ministro da Economia descreveu o atual cenário global como um “grande despertar do ambiente como um todo”, destacando a interconexão entre eventos como a guerra na Ucrânia, o conflito entre Israel e Hamas e a crise na Europa.

Ele criticou a atuação dos bancos centrais ao redor do mundo, dizendo que estavam “dormindo ao volante”, mas enfatizou que o Brasil é respeitado internacionalmente.

Além disso, Guedes revisitou a história dos últimos 80 anos, destacando o período de prosperidade que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos ajudaram a reconstruir a Alemanha, impulsionando a globalização. “Nunca antes tantas pessoas saíram da pobreza de forma simultânea”, comentou Guedes, que acrescentou que nos anos 70, os EUA integraram a China ao capitalismo, levando ao rápido crescimento econômico do país.

Os mecanismos equalizadores da economia

Guedes destacou dois grandes mecanismos equalizadores da economia: a migração e o teorema da equalização dos preços dos fatores de produção. Ele afirmou que a migração cria inseguranças, mas também revela o “lado bom” do capitalismo. “O Ocidente está em transe, com a direita conservadora em ascensão, devido às forças econômicas poderosas demais”, analisou.

Sobre a exportação, ele enfatizou sua importância na equalização econômica, reafirmando a força do capitalismo. “O capitalismo foi o grande vencedor, ou melhor, como gosto de chamar, as economias de mercado.”

Transição energética e o papel do Brasil

Ao final da palestra, Guedes abordou a transição energética, destacando a posição privilegiada do Brasil na produção de energia limpa. “O Brasil detém a energia mais limpa”, afirmou, sugerindo que o país tem um papel crucial a desempenhar no futuro energético global.

Paulo Guedes concluiu sua palestra destacando a necessidade de entender o que está acontecendo no mundo hoje, após 80 anos de domínio dos EUA e de uma ordem internacional baseada na eficiência econômica. “A economia é um negócio extremamente poderoso, e tudo isso se encaixou para criar uma ordem global com os EUA no centro. Quatro bilhões de pessoas saíram da miséria”, finalizou.