Nesta quinta-feira (27), o ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Guedes, defendeu a aprovação da taxação de lucros e dividendos para financiar o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600. Segundo ele, a medida é a prioridade absoluta do governo.
Segundo Guedes, em transmissão ao vivo da Suno Research, a arrecadação do novo tributo será de R$ 69 bilhões ao ano. A medida seria suficiente para bancar o programa social, que teria custo adicional de aproximadamente R$ 52 bilhões em 2023.
A regra atual prevê que o valor do benefício por família ficará em R$ 600 apenas até dezembro, retornando a R$ 400 em janeiro.
Na videoconferência, Guedes ainda adotou um tom de campanha e afirmou que uma “hipótese perversa” de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar a eleição “vai abalar todo esse caminho da prosperidade que já está desenhado e contratado”.
Na avaliação do ministro, a centro-direita daria a Lula “o mesmo aperto” que o atual governo recebeu e nas próximas eleições: “o Bolsonaro volta para competir com o Lula de novo”. Para ele, se Bolsonaro ganhar a eleição, “o Lula se aposenta” e o pleito seguinte seria “pacificado” e disputado por um candidato de centro.
Taxar dividendos é provável com Lula e Bolsonaro
A taxação de dividendos tem sido pauta de discussão nas campanhas dos dois candidatos à Presidência da República, Bolsonaro e Lula, que disputam o cargo no próximo 30 de outubro, em um segundo turno das eleições. Ambos já comentaram que a tributação de dividendos e lucros estão no radar de eventuais governos. Analistas do mercado entrevistados pelo BP Money, no entanto, divergem sobre a medida.
Para Francisco Levy, estrategista-chefe da Empiricus Investimentos, se adotada, a medida será pior para o investidor pessoa física, já que passará a ser tributado em algo que ganhava isento. “Os ganhos dos dividendos serão menores por conta disso, e acho que deve ter uma reprecificação de Bolsa”, explicou o analista.
Fábio Sobreira, analista chefe e sócio da Harami Research, concorda sobre uma possível reprecificação das ações. “Talvez tenha uma queda momentânea nos preços das ações, principalmente daquelas que têm dividendos. Mas para o investidor, deve ficar ‘elas por elas’”, explicou.