O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), admitiu estar preparado para “semanas difíceis”, mas demonstrou confiança na reancoragem das expectativas, enquanto o mercado assimila as medidas de cortes de gastos.
“Eu trabalhei muito pouco tempo no mercado, mas conheço muita gente do mercado, e não é de hoje. Eu tenho uma percepção um pouco diferente daquilo que se fala do mercado no dia a dia das pessoas. Como se fosse um sujeito maligno… Cada um está com a sua tarefa pela frente”, disse o chefe da equipe econômica, que participou do Almoço Anual da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
“Nós estamos com missões diferentes, mas podemos tentar coordenar nossas ações em proveito do país. Isso não significa que o mercado acerta sempre, porque o próprio mercado sabe que não. Isso é normal. Quando você faz projeção, não tem todas as variáveis”, disse Haddad.
Sobre a reação negativa do mercado inicialmente com o anúncio do pacote fiscal e da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais, o ministro da Fazenda procurou transparecer tranquilidade e otimismo, segundo o “InfoMoney”.
“Tenho a mesma expectativa que tinha há 2 anos. Se você explicar o que está fazendo, se for coerente nas suas ações, estando no caminho certo, como acredito que nós estamos, nós vamos fazer a reancoragem disso. Foi um ano ótimo do ponto de vista produtivo. Mas, do ponto de vista de expectativa, não foi bom, nós temos que cuidar”, afirmou.
“O mercado é o mesmo do ano passado. Por que, no ano passado, o mercado supostamente estava nos ajudando e neste ano supostamente está nos atrapalhando? São as mesmas pessoas que estão ali”, prosseguiu Haddad.
Haddad diz que ‘mercado erra nas previsões’ em fala sobre pacote
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o “mercado erra em previsões” na coletiva de imprensa sobre o pacote fiscal nesta quinta-feira (28). De acordo com ele, o governo está comprometido com o arcabouço fiscal e deve manter o déficit em até 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto) ao final de 2024.
“O mercado erra nas previsões. O mercado fez profecias não realizadas. O Focus previa um crescimento de 1,5% do PIB. Nós estamos com um crescimento de quase 3,5%. O mercado estimava um déficit de 0,8% do PIB, tirando o Rio Grande do Sul, estamos com um déficit de 0,25%. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul foi um evento que não dá para orçar”, destacou o ministro.
Com isso, Haddad considera que o mercado precisa revisar suas previsões. “Nem em termos de crescimento, nem em termos de déficit, o mercado acertou. Ele errou no crescimento, e não foi pouco, ele errou feio. O mercado estimou um crescimento de 1,5% e não 3%”, afirmou.