O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou o comunicado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), que manteve a taxa básica de juros em 13,75%.
A declaração foi dada na França, onde ele acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e foi repassada por sua assessoria de imprensa.
“Comunicado, como de hábito, muito ruim. Todos foram ruins. Às vezes ele alivia na ata [documento divulgado na semana seguinte aos encontros do Copom], mas não alivia a situação”, disse o ministro Haddad.
Na visão de Haddad, há um “descompasso” entre o que está acontecendo com o Brasil, com queda do dólar, da curva de juros no mercado futuro e com a atividade econômica, com a visão do Banco Central.
“É claro o sinal de que podíamos sinalizar um corte da taxa Selic, que é a mais alta do mundo. De longe do segundo colocado. Estamos aí com juro real que deve estar batendo em 8% ao ano. Essa que é a realidade, e aí tem o impacto na bolsa, no varejo, os impactos conhecidos”, acrescentou o ministro.
Impacto nas contas públicas e na inflação
De acordo com Haddad, a decisão do Copom de manter a taxa de juros estável no atual patamar, o maior em seis anos e meio, vai impactar as contas públicas – por meio do aumento dos gastos com juros.
“Os estados estão perdendo a arrecadação, os municípios estão perdendo a arrecadação. A União não está performando. Há outras questões sendo resolvidas”, disse o ministro.
Segundo Haddad, a decisão do Copom significa que o país estaria “contratando problemas com essa taxa de juros futuro”. “Está contratando inflação futura ou aumento da carga tributária futura”, declarou o ministro.
Banco Central não sinaliza queda e mantém juros em 13,75%
Na reunião de quarta (21), pela sétima vez consecutiva, o Copom do banco decidiu manter a Selic em 13,75% ao ano.
A última vez que houve alteração na taxa foi em agosto de 2022, quando o Copom ajustou meio ponto percentual para cima, passando de 13,25% para os números atuais.
Previsto por boa parte dos analistas, em seu comunicado, o BC não deu sinais mais claros de um ajuste para baixo na taxa na próxima reunião do Copom, que vai acontecer no início de agosto.
“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, disse o banco no comunicado.