Economia

Haddad discute impasse do juros rotativo do cartão com banqueiros

No próximo dia 21, haverá novo encontro do grupo de trabalho

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu neste sábado (9), com Isaac Sidney, presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e CEOs de bancos e entre os assuntos debatidos estava o impasse para reduzir os juros do rotativo de cartão de crédito e o que poderia mudar no parcelado sem juros.

O prazo de 90 dias dado pelo Congresso para que o grupo de trabalho que reúne bancos, maquininhas, varejo, bandeiras de cartões encontre alternativas para redução do rotativo termina em janeiro e até agora não há consenso.

Se nenhuma solução for acordada vai prevalecer a lei do Desenrola, que estabelece o teto de 100% do valor da dívida para cobrança de juros. No próximo dia 21, haverá novo encontro do grupo de trabalho.

Segundo fontes ouvidas pelo “O Globo”, circula nos bastidores a informação de que a decisão da Febraban de acusar as maquininhas de praticar fraudes, nesta semana, surpreendeu — e pode impedir que se chegue a um consenso.

Os juros do rotativo estão em 14,94% ao mês ou 431,58% ao ano, segundo dados de outubro divulgados pelo Banco Central. O parcelado sem juros representa 15% do saldo da carteira total de crédito das famílias, diz a Febraban.

Campos Neto diz que juro do rotativo é o problema mais complexo

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em novembro que os juros do rotativo do cartão de crédito representam o problema mais complexo que ele enfrentou durante sua gestão na autoridade monetária.

“É o problema que demoramos mais tempo para entender, ver todas as relações no mundo de meios de pagamento e tentar achar uma solução sem criar nenhum tipo de ruptura no consumo, sem prejuízo para consumidores e lojistas. Queremos evitar que essa bola de neve estoure e crie uma ruptura no padrão do uso de cartões”, comentou Campos Neto, durante participação no evento “E Agora, Brasil?”, promovido pelos jornais O Globo e Valor Econômico.

Campos Neto reiterou que houve um expressivo aumento no uso do parcelado sem juros, juntamente com um aumento significativo no número de cartões emitidos e nos limites autorizados.

“Curiosamente, quando você pega as pessoas que têm mais cartões é exatamente onde há maior inadimplência”, destacou o presidente do BC.

Campos Neto ainda destacou que, caso não haja um consenso no mercado, a legislação recém-aprovada automaticamente imporá limites aos juros do rotativo, embora com um impacto reduzido nas taxas atualmente praticadas.

“Falhamos em encontrar um acordo (até agora), mas ainda buscaremos um entendimento. Não quero ser pessimista, estamos trabalhando em uma solução intermediária”, concluiu Campos Neto.