Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou nesta sexta-feira (27) que tem “muita coisa boa acontecendo” que pode levar o BC (Banco Central) a iniciar o afrouxamento monetário. “Temos um bom caminho pela frente”, disse em entrevista à GloboNews.
Haddad citou a desaceleração da inflação corrente e destacou a deflação dos alimentos no IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de maio. O setor de alimentos e bebidas registrou a primeira queda, de -0,02%, após nove meses consecutivos de alta.
Além disso, ele afirmou que “o dólar vai ajudar” a viabilizar a redução da taxa de juros no Brasil. Vale destacar que a divisa caiu abaixo do patamar de R$5,50 nos últimos dias.
O ministro também mencionou os eventuais cortes de juros nos EUA. Apesar do Fed (Federal Reserve) se manter em compasso de espera, as projeções econômicas divulgadas pelo Banco Central, mostram que os diretores preveem a redução de 0,50 p.p (ponto percentual) da taxa até o fim deste ano.
“Eu não vejo mais espaço para aumento da taxa de juros. Por quanto tempo a Selic vai ficar nesse patamar?”, questionou.
Haddad disse ainda, em entrevista, que o BC vai “ter que calibrar o momento do ciclo de corte”.
Banco Central posicionado
A autarquia, por outro lado, tenta afastar qualquer precificação de juros menores e, inclusive, indicou que, se necessário, pode retomar o aperto monetário ao anunciar a pausa na semana passada.
Os diretores afirmaram que vão examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado e apontaram a manutenção dos juros no atual patamar de 15% ao ano por período “bastante prolongado”.
Em um evento promovido pelo Barclays nesta sexta-feira (27), o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou que a desancoragem de expectativas de mercado para a inflação exige juros elevados por um prazo longo.