Economia

Haddad: melhor remédio para o Brasil é o fortalecer a regra fiscal

O FMI prevê piora nas contas públicas do Brasil; Haddad afirmou que a solução está no trabalho com o arcabouço fiscal

Mercado avalia positivamente o ministro Fernando Haddad
Mercado avalia positivamente Haddad (Foto: Alessandro Dantas)

Após o anúncio da nova BIP (Plataforma de Investimentos em Transformação Climática e Ecológica do Brasil), Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, comentou sobre as projeções fiscais do FMI (Fundo Monetário Internacional) que indicam uma piora de cenário para o Brasil e disse esperar que não se confirme.

“Eu não posso responder por uma instituição. A primeira coisa que há de comentar é que ela própria (equipe econômica) tem que estar convencida disso para convencer alguém, como aconteceu com o arcabouço fiscal”, disse Haddad.

O ministro está em Washington para a 4ª reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais do G20.

“Quando a gente lançou, aquilo ancorou durante muito tempo. Depois, piorou o cenário interno, tivemos problemas internos também, que se associaram ao cenário externo mais desafiador, e estamos, agora, tendo que repensar essa estratégia para fortalecer o arcabouço fiscal”, prosseguiu.

Quanto às respostas do governo para que essas projeções mais pessimistas do FMI não se confirmem, Haddad apontou que o Brasil tem o mecanismo do arcabouço fiscal, sendo uma dos melhores remédios para o País fortalecer esses instrumentos.

“Do ponto de vista fiscal, eu penso que o fortalecimento do arcabouço fiscal é o remédio mais adequado para o momento que nós estamos vivendo”, afirmou o ministro.

“Se tem dúvidas sobre o seu mecanismo de funcionamento, dissipar essa dúvida, fortalecer o instrumento, que a ancoragem das expectativas vai acabar acontecendo. Esse é um ponto de vista, uma convicção muito forte que eu tenho”, comentou, segundo o “Valor”.

Passando para outro tema conectado, os cortes de gastos para chegar ao ajuste das contas, Haddad afirmou que a ação deve vir com a adequação “aos parâmetros do arcabouço”. O ministro ainda reforçou que a Fazenda está comprometida em manter as despesas abaixo das receitas.

“Nós temos que ter um compromisso para que a receita seja recomposta e a despesa siga abaixo da receita. Entre 50% e 70% da receita, para que essa aproximação retome o posicionamento de equilíbrio e nós, ali para frente, consigamos gerar um resultado primário, como já vivemos no momento de maior crescimento da economia brasileira”, explicou o ministro.

Haddad comemora novas projeções do FMI para a economia brasileira

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comemorou as projeções de crescimento do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a economia brasileira em 2024, cuja estimativa é de 3% de crescimento e leve desaceleração em 2025, a 2,2%.

A revisão, na visão de Haddad, é reflexo das políticas do governo do ponto de vista fiscal.

“É a primeira vez que um aumento da projeção é tão grande quanto esse. Tem que lembrar também que o FMI refez a projeção do PIB potencial brasileiro muito recentemente. O nosso PIB potencial estava lá atrás e hoje a última atualização já passou para 2,5% do PIB potencial”, destacou o ministro.

A revisão já no final do ano, segundo ele, demonstra que a economia brasileira está crescendo e tem condições de manter esse crescimento.

“A economia brasileira está crescendo com uma inflação relativamente controlada. Isso é sinal de que nós temos um potencial de crescimento sustentável, que não é uma coisa que vai acontecer esse ano e dali a pouco para. Nós temos toda a condição de continuar crescendo”, disse o ministro Haddad, segundo o “Valor”. 

O diretor-executivo do FMI, André Roncaglia, afirmou que essa revisão é resultado do trabalho que o governo brasileiro tem feito.

“O FMI fez uma atualização da previsão e foi o maior ajuste que o fundo fez em termos de crescimento para todos os países que ele acompanha. Foi o Brasil incorporando já os efeitos das várias políticas que o governo vem adotando sobre o crescimento da economia. Ele aumentou, então, a previsão de crescimento em 0,9 ponto percentual para esse ano”, explicou.

Em paralelo a isso, Roncaglia enfatizou as políticas que vêm sendo adotadas no âmbito fiscal, investimentos e gastos na recuperação do Rio Grande do Sul. 

Além disso, há também o efeito da reforma tributária sobre as expectativas da economia e a melhoria do ambiente de negócios, fatores que contribuíram com a projeção do FMI.

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