Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, afirmou nesta segunda-feira (2) que o processo de formulação e fechamento do pacote fiscal pelo governo assegurou unidade em torno das medidas e evidenciou a força do ministro Fernando Haddad e da equipe econômica.
“O ministro Haddad, e a nossa equipe da Fazenda, nunca esteve tão forte, essa é a minha percepção”, afirmou Durigan durante participação em evento da XP.
“Tanto que o que o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) quis fazer quando chamou os ministros para mesa foi proteger o Haddad”, prosseguiu ele.
Durigan comentou sobre o fato após o anúncio do pacote fiscal por Haddad na semana passada. As medidas previstas incluem, além da contenção de gastos, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. As medidas não agradaram o mercado.
Em meio a rumores e preocupações de um enfraquecimento de Haddad, o secretário da Fazenda reiterou que a reforma do IR só será discutida em 2025.
Além disso, ele disse ser “inegociável” que a ampliação da faixa de isenção seja condicionada a medidas de compensação, de acordo com o “InfoMoney”.
Em paralelo a isso, Durigan também observou que a discussão prévia prolongada em torno das medidas na Esplanada fez ser possível uma unidade e legitimidade das iniciativas de corte de gastos, o que poupará tempo no processo de discussão e aprovação no Congresso.
Ele reforçou que a prioridade é aprovar as medidas de contenção de despesas ainda este ano e acrescentou que as conversas já estão muito “azeitadas” no Congresso.
Haddad admite ‘semanas difíceis’, mas confia em “reancoragem”
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), admitiu estar preparado para “semanas difíceis”, mas demonstrou confiança na reancoragem das expectativas, enquanto o mercado assimila as medidas de cortes de gastos.
“Eu trabalhei muito pouco tempo no mercado, mas conheço muita gente do mercado, e não é de hoje. Eu tenho uma percepção um pouco diferente daquilo que se fala do mercado no dia a dia das pessoas. Como se fosse um sujeito maligno… Cada um está com a sua tarefa pela frente”, disse o chefe da equipe econômica, que participou do Almoço Anual da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
“Nós estamos com missões diferentes, mas podemos tentar coordenar nossas ações em proveito do país. Isso não significa que o mercado acerta sempre, porque o próprio mercado sabe que não. Isso é normal. Quando você faz projeção, não tem todas as variáveis”, disse Haddad.
Sobre a reação negativa do mercado inicialmente com o anúncio do pacote fiscal e da proposta de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais, o ministro da Fazenda procurou transparecer tranquilidade e otimismo, segundo o “InfoMoney”.
“Tenho a mesma expectativa que tinha há 2 anos. Se você explicar o que está fazendo, se for coerente nas suas ações, estando no caminho certo, como acredito que nós estamos, nós vamos fazer a reancoragem disso. Foi um ano ótimo do ponto de vista produtivo. Mas, do ponto de vista de expectativa, não foi bom, nós temos que cuidar”, afirmou.