Durante reunião com investidores na sexta-feira (7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), falou sobre suas preocupações quanto aos entendimentos fiscais do Brasil. Tal expressão foi o que levou o dólar e os juros futuros a dispararem e derrubou ainda mais o Ibovespa na sessão do dia.
Segundo Haddad, seria preciso fazer cortes significativos nos gastos para chegar à meta inflacionária para 2024. Isto se o Congresso não aprovar as medidas de elevação de receita que o Governo Federal propôs, segundo fontes ouvidas em apuração da “Bloomberg”.
O chefe da Fazenda também mencionou ser essencial discutir outras meios de redução de gastos, incluindo a desvinculação dos benefícios previdenciários dos aumentos do salário mínimo, segundo as fontes.
A impressão deixada por Haddad foi de que não conseguirá convencer Lula a reduzir os gastos, e que, no final, não haverá outra escolha a não ser mudar o arcabouço fiscal, aprovado no ano passado.
Segundo o ministro, uma revisão estrutural dos gastos terá seu apoio, porém não transparece confiança de que seus esforços terão apoio do governo Lula, de acordo com o veículo.
Após a reunião, quando o mercado já reagia às declarações, Haddad voltou a se pronunciar, afirmando que o mercado interpretou a reunião de forma “errônea” e “pouco razoável”.
Além disso, ele disse nunca ter indicado que as regras fiscais sofreriam alteração. Mas, caso as despesas cresçam, um contingenciamento pode acontecer.
“O que é absolutamente normal e aderente ao que prevê o arcabouço fiscal […] É muito grave o que aconteceu, você não pode utilizar uma reunião fechada para vender ao mercado algo que não existe”, completou.
Haddad: decreto que muda meta de inflação será publicado em junho
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), declarou nesta sexta-feira (7) que o governo vai publicar ainda no mês de junho o decreto que regulamenta a alteração da meta de inflação.
Ele vai passar o modelo de ano-calendário, vigente nesta data, para um modelo de meta contínua.
“Vai ser antes da decisão do CMN [Conselho Monetário Nacional]”, declarou Haddad em entrevista na sede da pasta em São Paulo. “Conforme eu já tinha dito, não tem nenhuma pretensão de eu tomar uma decisão diferente da que já foi tomada no ano passado”, acrescentou, de acordo com o “InfoMoney”.
Se o decreto não for publicado até a próxima reunião da CMN, o comitê precisará definir a meta de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumir Amplo) de 2027.
Desde 2023, o colegiado determinou que a meta de inflação seria de 3% em 2024, 2025 e 2026, com 1,5 p.p (ponto percentual) de tolerância para mais ou para menos.