O debate sobre a cibersegurança das informações de empresas e indivíduos se tornou ainda mais importante nesses tempos de pandemia, na avaliação de Rafael da Silva, coordenador do curso de defesa cibernética da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista).
Para proteger os sistemas corporativos, empregadores investem em tecnologias como firewall, programas antivírus, ferramentas de proteção, dentre outros. Mas, durante o isolamento social imposto pela Covid-19, muitas empresas permitiram que os funcionários trabalhassem de casa em seus computadores pessoais, usando internet banda larga lenta, VPN e outras ferramentas problemáticas para a segurança.
“Antes, o alvo era a contaminação diretamente dentro da empresa. Com a pandemia, o alvo são as máquinas dentro das casas das pessoas”, disse durante o seminário Cibersegurança: Oportunidades e Desafio, promovido pelo jornal Folha de S.Paulo com o patrocínio da Mastercard.
O professor destacou também a necessidade de todos os setores das empresas adotarem processos de prevenção, alinhando tecnologias, como inteligência artificial e big data, aos pontos mais suscetíveis dos seus sistemas de segurança tecnológica.
“A empresa pode tentar entender quais são os tipos de ataques mais comuns que sofre, utilizando inteligência artificial e mineração de dados, para correlacionar o que pode acontecer com ela e se prevenir.”
Para João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul, o investimento nesse setor precisa ser implementado na cultura empresarial e virar uma prioridade para todos os executivos, já que dele depende a confiança do consumidor no serviço contratado.
O cenário de fraude não é extinguível, concordam os debatedores, mas é possível haver melhorias. Como solução para a série de ataques de hackers sofridos por empresas todo o mundo, os especialistas defendem investimento em um sólido sistema de segurança e na melhor formação e capacitação dos profissionais.
A estrutura digital precisa estar bem feita e não ser só um “quebra galho”, como os estabelecimentos tendem a fazer. “É o momento de começar a ter um amadurecimento maior na segurança, principalmente em empresas de médio e grande porte”, diz Augusto Schmoisman, CEO no Brasil da israelense de cibersegurança Citadel.
“Hackers normalmente pedem dinheiro em troca das informações e, caso governos ou corporações cedam ao pedido do grupo criminoso, essa situação pode se tornar mais frequente e sair do controle. O crescimento dos ataques é exponencial em quantidade e valor.”
Um problema adicional é a dificuldade de encontrar profissionais qualificados no país, como lembrou Paro Neto, da Mastercard. Fatores como o futuro da carreira e melhores ofertas salariais levam profissionais da área a trabalhar no exterior.
Com ou sem equipes capacitadas, invasões e sequestros de dados (crime conhecido como ransomware) têm se tornado cada vez mais frequentes. Em junho último, por exemplo, unidade internacional da brasileira JBS, maior processadora de carne do mundo, foi alvo de um ransomware que paralisou suas linhas de produção. A empresa teve de pagar resgate de US$ 11 milhões a hackers russos para voltar a operar.
O seminário mediado do repórter pelo tecnologia Raphael Hernandes. A íntegra do vídeo está em folha.com/ciberseguranca.