Horário de verão não garante economia de energia, avalia ONS

Retomada do horário de verão não terá impacto no enfrentamento da crise energética brasileira

Estudo realizado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) concluiu que a retomada do horário de verão não terá impacto no enfrentamento da crise energética brasileira, já que o programa não é mais garantia de economia de energia.

O estudo foi encomendado pelo MME (Ministério de Minas e Energia) diante de pressões de setores da economia pela volta do programa, que foi extinto pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019. O próprio ministério, porém, já via potencial limitado de economia.

O ONS avalia que os resultados do estudo são semelhantes àqueles que justificaram o fim do horário de verão: com a popularização dos aparelhos de ar condicionado, o pico do consumo foi deslocado para o início da tarde, quando faz mais calor.

Por isso, não há mais grande economia em retardar o pôr-do-sol. Antes da mudança do perfil de consumo residencial, o pico ocorria no início da noite, quando empresas e indústrias ainda funcionavam e mais pessoas estavam em casa utilizando eletrodomésticos.

Assim, o ONS preferiu não fazer recomendações ao governo, avaliando que a volta do programa seria neutra. A decisão final, porém, será do MME.

O ministério diz que o estudo do ONS ainda está sendo analisado. Nesta semana, o ministério disse em nota que “no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”.

Setores como o de turismo, serviços e shoppings centers vêm pressionando o governo pelo retorno do programa. Além da possibilidade de economizar energia, eles seriam beneficiados com o aumento da circulação de pessoas no início da noite.

Nesta segunda-feira (13), o pleito ganhou apoio também do ICS (Instituto Clima e Sociedade), Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) e IEI (sigla para Iniciativa Energética Internacional), que consideram que o governo precisa lançar mão de todas as medidas de economia possíveis.

“O ganho é pequeno, mas nesse momento precisamos contar megawatt por megawatt”, disse o ex-diretor do ONS Luiz Eduardo Barata, em mesa redonda com jornalistas para apresentar estudo sobre programas de eficiência energética.

Em entrevista à reportagem, o diretor-presidente da ABCE (Associação Brasileira das Companhias de Energia Elétrica), Alexei Vivan, concordou: “Por mais que não faça grandes diferenças, poupar é sempre bom.” O Idec estima que o programa economizaria entre 2% e 3% do consumo no início da noite.

Nesta quinta (16), os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste, consideradas a caixa d’água do setor elétrico brasileiro, estava com 18,14% de sua capacidade de armazenamento de energia.

Em seu programa mensal da operação, o ONS prevê que o indicador termine setembro em 17,1%, ainda castigado pelo baixo nível de chuvas, que devem ficar em 58% da média histórica na região. O consumo, por outro lado, deve subir 1,5%, acima dos 0,4% previstos inicialmente.

Esta semana, o governo comemorou o início de operações de dois projetos que ajudarão a enfrentar a crise, uma linha de transmissão ligando a Bahia a Minas Gerais e uma térmica no norte do Rio de Janeiro. Juntos, os dois garantem 2,6 mil MW (megawatts) adicionais ao sistema.

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