RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) aposta na tecnologia para realizar o Censo Demográfico em 2022. A intenção do instituto é usá-la para agilizar o processo de coleta e transmissão das informações sobre a população brasileira no próximo ano.
Os dispositivos móveis que devem ser utilizados pelos recenseadores, por exemplo, serão equipados com sinal de 3G e 4G. Isso, diz o IBGE, permitirá que os entrevistadores transmitam pela internet as informações levantadas, em tempo real, para o sistema do instituto.
No último Censo, realizado em 2010, a situação era diferente. Os recenseadores faziam a coleta dos dados e costumavam enviá-los para o sistema somente ao final do dia, já que era necessário o deslocamento até algum ponto preparado para receber os pesquisadores com internet.
Em 2022, esses pontos de apoio, montados nos municípios, tendem a ser menos demandados pelos recenseadores. A ideia é usá-los, por exemplo, caso a equipe de pesquisadores tenha dificuldade para transmitir as informações para o sistema desde as ruas.
“Com a tecnologia, em vez de se concentrar em uma mesma hora, a transmissão de informações é diluída ao longo do dia. Vai permitir rapidez”, diz Carlos Cotovio, diretor de informática do IBGE.
“Antes, os recenseadores subiam os dados no mesmo período do dia. Essa situação causava alguns gargalos na estrutura”, compara.
Em 2022, o instituto também contará com gerenciamento digital, em tempo real, dos deslocamentos dos recenseadores em todo o território nacional.
“A operação censitária de 2022 será totalmente informatizada. Além dos novos dispositivos móveis para a coleta de dados, bem mais modernos que os de 2010, o IBGE passou a utilizar “nuvens” na internet para o suporte de comunicações e tráfego de dados, e novos data centers com alto desempenho”, afirma o instituto.
Os novos recursos desenhados para o Censo de 2022 serão testados pelo instituto a partir desta quinta-feira (4), em uma nova rodada de preparativos para a pesquisa.
Os testes estão previstos para ocorrer ao longo deste mês e de parte de dezembro nas 27 unidades da federação. A intenção é analisar equipamentos e preparar o instituto para o Censo do próximo ano.
No estado de São Paulo, o local escolhido para receber a nova rodada é o bairro Prosperidade, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
Um primeiro teste já ocorreu na ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. As informações experimentais sobre a população local foram divulgadas pelo IBGE em meados de outubro.
O instituto encontrou na ilha carioca umtotal de 3.612 habitantes, com maior presença de mulheres, e renda média de R$ 3.613,47 dos chefes de família, entre outros dados.
Atualmente, o IBGE tem cerca de 6.500 servidores permanentes e temporários. Em junho do próximo ano, quando está previsto o início do Censo, o número deve saltar para cerca de 200 mil, com o reforço dos recenseadores.
O levantamento é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas dos brasileiros.
Na prática, os dados apurados pelo Censo funcionam como base para uma série de políticas públicas, além de decisões de investimento de empresas.
As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos para as prefeituras.
Inicialmente, a nova edição da pesquisa estava prevista para 2020. O levantamento, contudo, amargou dois adiamentos consecutivos.
No ano passado, o trabalho não foi realizado devido à pandemia de coronavírus, que provocou restrições ao deslocamento de pessoas.
Em 2021, o que acabou inviabilizando novamente o Censo foi o corte de recursos destinados à pesquisa. Segundo cálculos do IBGE, a produção do levantamento exige a quantia de R$ 2,29 bilhões.