Donald Trump

Ibovespa: incertezas devem persistir com tensões no exterior

Na semana, a novidade será a menor preocupação dos economistas e de membros do Fed com uma possível recessão

Ibovespa
Ibovespa / Foto: CanvaPro

O Ibovespa deve seguir com investidores vivendo um momento de incerteza entre os dias 28 de abril e 2 de maio. Isso deve ocorrer porque as tarifas dos EUA, que levam a projeções catastróficas, somadas ao recuo no discurso de Donald Trump, devem se destacar.

Trump está diminuindo a intensidade de sua retórica agressiva da guerra comercial, além de afirmar que seu governo está em conversas com os representantes chineses — o que Pequim nega. Esse “passo para trás” contribuiu para a diminuição da volatilidade dos mercados financeiros na última semana, com papel fundamental do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que destacou tanto a insustentabilidade da relação atual com a China, em reunião privada no JPMorgan, como a necessidade de um acordo — mesmo apontando que o primeiro passo para o consenso tenha que ser dado pelos chineses.

Na semana, a novidade será a menor preocupação dos economistas e de membros do Fed (Federal Reserve) com uma possível recessão. A desaceleração econômica virá com a pressão nos preços, por isso a cautela segue reinando nos discursos de autoridades do Banco Central dos EUA. “O grande desafio da autoridade monetária é ancorar a expectativa de que essa alta na inflação será temporária”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.

“Não será fácil, ainda mais que essa diretoria do Fed tem um passado de caracterizar por vários meses como ‘temporária’ a inflação que, impulsionada pelo desmantelamento das cadeias produtivas e pelas medidas de proteção da demanda durante a pandemia, chegou a quase 10% ao ano em 2022”, acrescentou Manzoni.

Segundo o especialista, apesar de o mercado apostar entre três e quatro cortes de 25 pontos-base ao longo do ano na taxa de juros, com início na reunião de junho do Fed, a flexibilização talvez ocorra somente ao longo do segundo semestre, considerando que o impacto das tarifas nos preços pode ser visto a partir de julho, como apontou o dirigente do Fed, Christopher Waller.

Dados do mercado de trabalho dos EUA recebem atenção

Entre os dias 28 de abril e 2 de maio, a bateria de dados de abril do mercado de trabalho nos EUA se destaca. A expectativa do mercado para os dados do payroll na sexta-feira (2) é de desaceleração na geração de vagas — de 228 mil em março para 130 mil no mês passado — com manutenção da taxa de desemprego em 4,2%.

Caso os dados venham acima do esperado, a reação do mercado vai depender de como virão outros indicadores da economia norte-americana que serão divulgados antes. Já na terça-feira (6), a Conference Board apresentará os dados de Confiança do Consumidor de abril, um indicador importante da expectativa do consumidor em relação aos próximos meses.

Na sequência, sai a primeira prévia do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA no primeiro trimestre, com expectativa de uma forte desaceleração — de 2,4% para 0,4% — em termos anualizados. Além disso, na mesma data, será divulgado o índice PCE, indicador preferido do Fed para o cálculo da inflação.

Se esses dados vierem acima do esperado, juntamente com o payroll na sexta-feira, os mercados devem interpretá-los com mais cautela, o que pode adiar a retomada do corte da taxa de juros pelo Fed.

Como o Ibovespa se comportou entre 21 e 25 de abril

A semana econômica no Brasil foi marcada pela combinação de uma prévia inflacionária ainda elevada e projeções mistas. O IPCA-15 de abril registrou alta de 0,43%, o que, embora represente uma desaceleração pelo segundo mês consecutivo, ainda mantém a inflação em um patamar acima do teto da meta, acumulando 5,49% em 12 meses.

O cenário reforça a perspectiva de manutenção da Selic em 15% por mais tempo, já que os núcleos inflacionários seguem elevados e a autoridade monetária ainda precisa ancorar as expectativas. Por outro lado, o Boletim Focus trouxe uma leve revisão positiva nas projeções do PIB: crescimento de 2% em 2025 e 1,7% em 2026.

“O mercado começa a precificar uma atividade mais resiliente, ainda que puxada por estímulos pontuais e uma base comparativa fraca. Apesar disso, os juros elevados continuam limitando o crédito e o consumo, e a inflação disseminada pode frear essa recuperação”, comentou Jorge Kotz, CEO da holding Grupo X.

No cenário exterior, o tom mais conciliador de Trump em relação à China e o discurso mais “dovish” do Fed arrefeceram as tensões, como avaliou Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

Ibovespa na semana

  • Segunda-feira (21): Feriado de Tiradentes
  • Terça-feira (22): +0,63%
  • Quarta-feira (23): +1,34%
  • Quinta-feira (24): +1,79%
  • Sexta-feira (25): +0,12%
  • Semana: +3,93%