Israel no radar

Ibovespa: inflação no Brasil e nos EUA é destaque; Copom sentirá pressão?

“Os economistas estão projetando uma forte aceleração do IPCA em relação à prévia, com algumas estimativas chegando a 0,5%”, disse analista

Investimentos/ Foto: Canva
Investimentos/ Foto: Canva

Na semana entre 6 e 10 de outubro, o mercado nacional deverá ficar de olho na divulgação da inflação — índices de preços ao consumidor — do Brasil, dos EUA e da China. Além disso, o Ibovespa também pode ser guiado pela repercussão dos discursos de autoridades do Fed (Federal Reserve), bem como pelos números de atividade setorial no Brasil e indicadores do mercado de trabalho do Japão.

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) sai na próxima quarta-feira (9), às 9h. Divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ele deve receber todos os holofotes. “A expectativa do mercado é de que os preços tenham acelerado no mês passado, após o registro de deflação de 0,02% em agosto”, comentou Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.

De acordo com o especialista, o indicador econômico deve trazer informações sobre os impactos da seca que assola o Brasil. Além disso, vale lembrar que a conta de energia estava com uma cobrança extra, sob a bandeira vermelha 1.

A seca deve continuar impactando os preços de energia, com o acionamento da bandeira vermelha 2 em outubro.

Assim, o mercado aguarda para saber qual será a alta do índice no mês de setembro. A prévia do IPCA para o mês registrou alta de 0,15%, sob forte influência da deflação de agosto.

“Os economistas estão projetando uma forte aceleração do IPCA em relação à prévia, com algumas estimativas chegando a 0,5%”, declarou Manzoni.

É importante acrescentar que o recebimento do mercado em torno da inflação, especialmente o dado acumulado em 12 meses, seja de que tenha ultrapassado o limite da meta de inflação (3%). Casso ocorra, o Copom (Comitê de Política Monetária) será pressionado para aumentar a alta da Selic (taxa básica de juros).

EUA no radar

Na última semana houve uma bateria de dados econômicos dos EUA, cujos resultados corroboram o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell.

O presidente declarou na terça-feira (1º) que 2024 terá uma redução adicional de meio ponto percentual na taxa de juros. Ou seja, pode haver dois cortes de 0,25 pb (pontos-base) ou somente um corte de 0,50 pb na próxima reunião da autoridade monetária.

Nos EUA, as duas últimas reuniões de política monetária de 2024 ocorreram em 7 de novembro e 18 de dezembro.

Como Ibovespa se comportou durante a semana encerrada em 4 de outubro 

A primeira semana de outubro foi marcada por eventos significativos no cenário financeiros global e local. No quadro nacional, o Ibovespa viu os preços internacionais de petróleo influenciaram positivamente em ações ligadas a commodity dentro do Ibovespa. 

“Os preços do petróleo se tornaram um tema central devido à escalada da crise no Oriente Médio, especialmente em função da guerra entre Israel e Hamas, além dos recentes acontecimentos envolvendo o Líbano e o Irã. Esses conflitos têm gerado incertezas no mercado de petróleo, levando a uma volatilidade nos preços”, explicou Jefferson Laatus, chefe-estrategista do Grupo Laatus7. 

Além disso, outro fator de destaque foi a notícia de terça-feira (1º): a agência de classificação de risco Moody’s elevou uma nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1. Com isso, o Brasil fica a apenas um degrau da recuperação do chamado “mercado investível”.

“Além de revisar a nota, [a Moody’s] também atribuiu uma perspectiva positiva ao país, impulsionada principalmente pelos sólidos dados de crescimento econômico”, comentou Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

Todo esse cenário rendeu ganhos ao Ibovespa durante a semana, contudo, o índice chegou a registrar queda na quinta-feira (3), quando receios tomaram conta do mercado. O desânimo veio com a aversão ao risco devido aos conflitos, o Oriente Médio e dados do mercado de trabalho dos EUA. 

Assim, na próxima semana, os mercados devem seguir acompanhando os desdobramentos e discursos das autoridades governamentais dos países envolvidos. 

Entenda escalada do conflito no Oriente Médio e como afetou commodities

A animosidade das relações entre Israel e Irã escalou entre o final de setembro e o início de outubro. No dia 28 de setembro, Israel emitiu um comunicado afirmando que matou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque em Beirute — capital do Líbano.

Na sequência, no dia 1º de outubro, o Irã lançou mais de 100 mísseis balísticos contra Israel. O ataque foi amplamente repercutido, chegando a chamar atenção dos EUA, que até poucos dias atrás comunicou (informalmente) que estavam planejando uma retaliação. 

As movimentações em torno do tema afetaram a produção de petróleo da região, fazendo os preços saltarem. 

As ações negociadas na Bolsa brasileira também tiveram uma alta considerável. Com isso, ações da Petrobras (PETR4;PETR3) chegaram a fechar com valorizar de quase 3%.

O presidente dos EUA, Joe Biden, descartou a possibilidade de uma retaliação na última quinta-feira. Além disso, em paralelo às conversas em relação ao um contra-ataque, também houve a hipótese de uma investida sobre as petrolíferas iranianas. A hipótese também foi descartada.

Ibovespa na semana 

Segunda-feira (30): -0,69%

Terça-feira (1º): +0,51%

Quarta-feira (2): +0,77%

Quinta-feira (3): -1,38%

Sexta-feira (4): +0,09%

Semana: -0,71%