
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, fechou a sessão desta segunda-feira (8) em alta de 0,52%, aos 3.677,65 pontos. Já o dólar comercial encerrou o dia com queda de 0,22%, cotado a R$ 5,42.
“A bolsa tentou recuperar terreno após o tombo histórico de sexta, mas o investidor segue cauteloso. A candidatura de Flávio Bolsonaro adicionou muito ruído. Essa movimentação fragmentou o poder de organização da direita num momento em que a prioridade parecia convergir para Tarcísio”, afirma Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.
Segundo ele, o mercado reagiu não porque houve mudança nos fundamentos econômicos, mas porque o episódio serviu como pretexto para uma correção após a sequência de recordes. Quando Flávio sinaliza que pode desistir, o humor melhora, ainda que de forma limitada.
Juros no radar do Ibovespa: Brasil e EUA
Do lado dos juros, a expectativa é de manutenção da taxa em 15% no Brasil nesta quarta-feira (10). Nos Estados Unidos, projeta-se um corte de 0,25 ponto percentual. No entanto, o analista avalia que o mercado já precificou ambos os movimentos. Por isso, não deve haver impacto direto imediato.
O foco, portanto, recai sobre os comunicados dos bancos centrais. Eles indicarão se o ritmo de cortes nos EUA será mantido e se, no Brasil, há espaço para antecipar a flexibilização monetária. “Na minha opinião, há argumentos técnicos suficientes para que o BC brasileiro antecipe cortes já em janeiro”, afirma.
Além disso, o Boletim Focus trouxe mais um alívio. A inflação caiu pela quarta semana consecutiva. Após o estresse de sexta-feira (5), os DIs recuaram mais de 1% ainda no início do pregão. O movimento refletiu tanto uma recuperação natural quanto o efeito do recuo da inflação, que reforça a expectativa de corte de juros já no início de 2026.
Dólar opera em queda
O dólar recuou diante do real nesta segunda-feira (8) em movimento de correção após a forte disparada de sexta-feira.
A moeda operou em baixa durante toda a sessão, enquanto o índice DXY registrou leve alta de 0,09%, aos 99,08 pontos. O dólar chegou à mínima de R$ 5,387 e fechou em R$ 5,421.
Os principais índices de Wall Street operaram no vermelho: S&P 500 caiu 0,35%, Nasdaq recuou 0,14% e Dow Jones perdeu 0,45%.
O câmbio também reagiu às declarações de domingo, quando Flávio Bolsonaro admitiu que pode desistir da candidatura. O sinal trouxe alívio ao mercado. “A minha leitura é clara. Ele não será candidato e está usando esse movimento como moeda de troca para garantir que o nome apoiado pelo Bolsonaro se comprometa com a pauta da anistia”, analisa Correia.
Tradicionalmente, a segunda quinzena de dezembro traz pressão altista no dólar devido a remessas para o exterior, pagamento de dividendos e envio de recursos por empresas. No entanto, essa demanda natural não se materializou com a força esperada, em grande parte por causa do cenário político ainda em evolução.
Destaques e agenda
Entre os destaques do dia, o mercado opera em compasso de espera, o investidor aguarda os desdobramentos políticos e a Super Quarta que se aproxima, com decisões de juros tanto no Brasil quanto nos EUA, além da divulgação do IPCA de novembro.
“O mercado continua sensível ao tema eleitoral, que ganhou poder de veto sobre qualquer narrativa puramente macroeconômica”, conclui o analista.