
O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, encerrou a sessão desta segunda-feira (22) baixa de 0,21%, aos 158.141,65 pontos. Já o dólar comercial avançou 1,00%, cotado a R$ 5,584, e acumulou a sétima alta consecutiva.
Apesar do recuo, a bolsa operou próxima da estabilidade após a forte alta registrada na sexta-feira. “O Ibovespa ficou praticamente no zero a zero depois do movimento positivo da última sessão. Enquanto isso, o dólar sobe após várias quedas seguidas”, afirma Alison Correia, analista e cofundador da Dom Investimentos.
Segundo ele, esse movimento também reflete a sazonalidade do período. “No fim do ano, há aumento das remessas para o exterior. Por isso, a moeda americana tende a se valorizar”, explica.
Petróleo e minério sustentam commodities
Ao longo do pregão, ações de petróleo e mineração lideraram os ganhos. “Empresas como Petrobras, PetroRecôncavo e PRIO sobem com a alta do petróleo no mercado internacional”, destaca Correia.
Além disso, o avanço da commodity ocorre após os EUA interceptarem um navio próximo à costa da Venezuela. Esse episódio elevou o temor sobre o fornecimento global e pressionou os preços.
Da mesma forma, papéis ligados à mineração avançaram. “A Vale acompanha a alta do minério de ferro”, diz o analista. Em contrapartida, varejistas e construtoras recuaram. “Empresas como Lojas Renner, Cury e Direcional sofrem com a alta dos juros futuros”, completa.
Dezembro foge do padrão tradicional
Tradicionalmente mais calmo, dezembro surpreendeu os investidores neste ano. “Logo no início ficou claro que o padrão histórico não se repetiria”, afirma Correia.
Segundo ele, a volatilidade aumentou após declarações de Flávio Bolsonaro sobre uma possível candidatura em 2026. Além disso, a perspectiva de juros elevados nos Estados Unidos ampliou a instabilidade.
Nos últimos dias, no entanto, o ambiente ficou menos tenso. “O mercado passou a oscilar pouco, com variações menores. Ainda assim, o fator eleitoral segue como o principal desafio”, avalia.
Galípolo sinaliza possível corte de juros
Na sexta-feira, o presidente do Banco Central trouxe um sinal relevante ao mercado. “Pela primeira vez, Galípolo deixou aberta a possibilidade de um corte de juros em janeiro”, observa Correia.
Até então, o discurso indicava manutenção de uma política restritiva. “Essa mudança de tom é importante”, diz. Segundo o analista, há espaço para redução da Selic no início de 2026.
“O relatório Focus reforça esse cenário ao apontar inflação mais baixa. Portanto, o ambiente favorece um ajuste”, afirma. Nos Estados Unidos, porém, a expectativa segue diferente, sem cortes no curto prazo.
Além disso, os dados de confiança do consumidor divulgados nesta segunda-feira chamaram atenção. “No fim do ano, o décimo terceiro salário e bonificações elevam o consumo”, explica Correia.
Esse movimento, por sua vez, pode pressionar a inflação. Ainda assim, segundo o analista, esse efeito já está no radar do Banco Central e não surpreende o mercado.
Dólar mantém sequência de altas
O dólar registrou a sétima alta consecutiva frente ao real. Curiosamente, o movimento ocorreu na contramão do exterior, onde o índice DXY caiu 0,30%, aos 98,30 pontos.
- Venda: R$ 5,584
- Compra: R$ 5,584
- Mínima: R$ 5,518
- Máxima: R$ 5,607
Principais índices em Nova York fecham dia com altas
- Dow Jones: +0,46%
- S&P 500: +0,64%
- Nasdaq: +0,52%
Perspectivas para o fim do ano
Segundo Correia, se não surgirem dados negativos relevantes, o mercado pode receber fluxo positivo. “O fechamento do ano influencia ajustes de carteira, taxas de performance e pagamento de cotas”, afirma.
No início de dezembro, o cenário combinava estresse político, ruídos externos e alta do petróleo. Agora, contudo, o mercado parece ter digerido esses fatores, ao menos no curto prazo.