O Ibovespa fechou esta sexta-feira (4) em alta de 0,24% aos 141.263,56 pontos, batendo seu recorde de fechamento. Na máxima do dia, alcançou os 141.563,85 pontos, o maior nível da sua história. O índice encerrou a semana com 3,2% de ganhos. Desde o começo de julho, avançou 1,73% e, no ano, a carteira valorizou mais de 17,44%.
O IBOV ganhou força neste pregão após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de suspender o ato do governo que aumentou o IOF e o decreto do Legislativo que derrubou o imposto.
Além disso, o feriado do Dia da Independência nos EUA esvaziou os mercados, em dia de liquidez reduzida, enquanto as tarifas do presidente Donald Trump voltaram ao radar. A falta dos dólares que costumam entrar por meio do mercado de ações também foi sentida no câmbio, e a moeda americana acabou encerrando o dia em uma alta de 0,37% a R$5,4248.
Marco histórico para o Brasil
Com o feriado nos Estados Unidos, este 4 de julho se tornou também um marco na história da bolsa brasileira. Apesar de sem o capital de investidores estrangeiros, que folgam hoje, o principal índice de ações do Brasil sextou com um novo recorde.
No entanto, a ausência dos estrangeiros foi sentida. O Ibovespa teve o menor giro desde o pregão de 22 de novembro de 2018, quando movimentou R$5,4 bilhões.
Isso reflete um pensamento dito desde o fim de 2024: com a escalada do risco fiscal e suas instabilidades, além de uma Selic em 15% ao ano (garantindo um forte retorno na renda fixa), o investidor brasileiro não quer nem saber de renda variável.
Das 84 ações que integram o índice Ibovespa atualmente, 57 valorizaram nesta sessão. Mas durante a semana, 71 papéis foram apreciados.
Situação externa
A aproximação do fim do prazo (9 de julho), a aprovação do projeto de lei tributária – e seu custo estimado de US$3,3 trilhões – deve ganhar protagonismo entre investidores neste segundo semestre.
De acordo com estimativas, o pacote de Donald Trump e aprovado ontem pelo Congresso americano pode elevar a dívida pública dos EUA a 130% do seu PIB (Produto Interno Bruto). E essa novidade chega enquanto ainda não se tem certeza dos efeitos do tarifaço da economia.
Enredo interno
Entretanto, a situação aqui no Brasil não é muito animante. Com a novela do IOF ganhando novo capítulo a cada dia que passa e um governo acuado pelo Congresso brasileiro, quem decidir se jogar na renda variável agora precisa preparar o estômago para a volatilidade mais elevada que o normal na bolsa.
O fluxo de recursos estrangeiros que entraram no Brasil, embora suficiente para garantir os recordes ao Ibovespa, é marginal diante do montante movimentado globalmente.
Cerca de US$12,3 trilhões saíram das ações americanas no auge da crise do tarifaço, quando as bolsas americanas bateram o menor nível deste ano. E embora, os principais índices dos EUA já tenham se recuperado, o valor de mercado das empresas listadas ainda está US$180 bilhões aquém do nível atingido no começo de janeiro.
Também não há uma tese que inspire otimismo com o Brasil, em especial, e sim um movimento de reacomodação do capital global, que neste momento favorece mercado emergentes e, consequentemente, a nossa bolsa. Esse movimento pode até se manter, mas não segue sem sofrer solavancos.