A leitura do IGP-M do mês de março, divulgada pelo FGV-Ibre (Instituto de Economia da Fundação Getúlio Vargas) nesta quarta-feira (27), mostrou recuo de 0,47%. A queda foi menor que a registrada em fevereiro (0,52%), mas o índice expôs uma desaceleração, sobretudo na área direcionada ao consumidor.
Os grupos de alimentação, educação, leitura e recreação foram as bases da desaceleração do IGP-M. No ano, a queda já expressa 0,91%, enquanto nos últimos 12 meses o acumulado chegou a um recuo de 4,26%.
O índice apresenta uma média de inflação pautada nos setores de agronegócio e indústria de transformação, consumidor e construção civil.
A maior influência do indicador é o IPA (índice de Preço ao Produtor Amplo), que também expressou queda de 0,77%. Além disso, os números da inflação do agronegócio e da indústria de transformação projetam-se sobre o preço dos produtos ao consumidor final, de acordo com o jornal O Globo.
André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, disse que o IPA mostra que vai chegar no IPPC uma inflação mais branda.
“Quando a gente observa as grandes commodities agrícolas, como milho, soja, trigo, contrariando o que a gente imaginava, estão em queda de preço. Somasse a isso o fato do minério de ferro que também é uma outra grande commodity também estar em queda”, pontuou ele.
“Então, quando a gente analisa o comportamento das grandes matérias-primas, aquelas que vão virar os alimentos industrializados ou mesmo os bens duráveis que a gente consome, eles estão bem comportados”, completou a explicação.
André Braz menciona as influencias sobre os dados do IGP-M
O grande desafio da inflação para o consumidor, hoje, não está no que o IPA consegue antecipar, afirmou. Está exatamente nos serviços livres, que até foram citados na ata do Copom.
“À medida que o mercado de trabalho diminui a taxa de desemprego, aumenta a massa de salários, vai fazendo com que a demanda cresça. Os juros baixando também ajuda há quem sabe financiar um carro, um bem durável, um apartamento. Então tudo isso pode dificultar que a inflação de serviços ceda. E ela é importante porque ela é 30% do IPCA”, disse Braz.
“Esse é o ponto de atenção e de incerteza que a autoridade monetária vai observar. O que ainda sobe aqui no Brasil são os alimentos in natura, mas essa pressão em torno dos in natura estão perdendo força, ela é sazonal, como já mostrou o IPCA-15. Então o que o IPA indica é uma pressão menor sobre os preços para o consumidor final”, concluiu o economista em sua análise sobre o IGP-M.