As enchentes no Rio Grande do Sul (RS) levaram o IIE-Br (Indicador de Incerteza da Economia), calculado pela FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) a atingir a maior alta em quase três anos.
O IIE-Br subiu 6,4 pontos em maio, para 112,9 pontos, maior nível desde março de 2023 (116,7 pontos).
De acordo com Anna Carolina Gouveia, economista responsável pelo indicador, além das implicações da tragédia do RS na economia, as dúvidas sobre o cenário fiscal brasileiro, que surgiram no último mês, contribuíram para a piora do nível de incerteza.
Outro aspecto lembrado pela especialista é o fato de que o desastre no Rio Grande do Sul também está ligado ao cenário fiscal. Isso porque ainda não se sabe exatamente quanto custará reconstrução no Estado, e nem qual será exatamente o apoio, em recursos financeiros, do governo federal nesse sentido.
Essa dúvida também ajudou a manter incerteza em patamar elevado no mês, notou Anna Carolina. Ao mesmo tempo, o mercado segue de olho na trajetória dos juros básicos da economia no Brasil e nos EUA.
Confiança empresarial vai ao maior nível desde outubro de 2022
O Índice de Confiança Empresarial (ICE) subiu 0,2 ponto em maio, para 95,8 pontos, o maior nível desde outubro de 2022, informou a FGV (Fundação Getúlio Vargas) nesta segunda-feira (3).
Segundo Aloisio Campelo Jr., superintendente de estatísticas do FGV Ibre, a confiança empresarial manteve-se “estável”, com diferenças significativas entre os setores.
“A Indústria e a Construção mostram resiliência, ao manterem índices de confiança próximos ao nível neutro de 100 pontos. Em contraste, os setores de Serviços e Comércio indicam enfraquecimento da atividade econômica”, afirmou Aloisio.
O índice de confiança do setor de Comércio caiu 4,0 pontos em maio, apenas um mês após subir expressivos 5,1 pontos.
“Um movimento que parece espelhar a tendência negativa da confiança do consumidor no mês, ambos possivelmente influenciados pelo desastre ambiental no Rio Grande do Sul“, completou Campelo.
Segundo ele, nos próximos meses, novos avanços da confiança dependerão, entre outros fatores, de uma evolução favorável da situação econômica e social no Sul do país.