O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto disse que em meio a mudança na meta fiscal para o ano de 2025, somado à expectativa de adiamento, além do previsto, do início de ciclo de corte dos juros norte-americanos, acredita que pode vir a rever o cenário-base.
No cenário de incerteza global, Campos Neto disse que toda projeção feita pelo Copom (Comitê de Política Monetária) vem acompanhada do alerta de que a perspectiva pode ser alterada se as condições apresentarem mudanças.
“[Se a situação mudar muito] podemos avaliar […] não é nada novo. Não posso falar mais que isso, precisamos esperar e ver como as variáveis evoluem daqui para a próxima reunião”, disse o presidente da autarquia monetária se referindo às próximas deliberações do Copom, que acontecem entre os dias 7 e 8 de maio.
Campos Neto aponta possíveis cenários para a política monetária
O presidente do BC, Campos Neto, apresentou quatro possíveis direções para a política monetária. No primeiro cenário, a redução da incerteza seguiria um caminho convencional. No segundo, mesmo com incertezas persistentes, as mudanças seriam mais graduais.
No terceiro, a incerteza impactaria variáveis críticas de forma mais intensa, exigindo uma revisão do equilíbrio de riscos. Já no quarto cenário, uma deterioração significativa da incerteza a nível global levaria a uma mudança no cenário base.
Campos Neto participou de dois eventos em Washington na última quarta-feira (17), um organizado pela XP e outro pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
Na última reunião do Copom, em março, decidiu-se por uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, para 10,75% ao ano, e indicou apenas mais um corte similar na reunião de maio, “se o cenário esperado se confirmar”.
De acordo com Campos Neto, a ata do encontro já apontava para uma elevação da incerteza e a necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, justificando a decisão de mencionar apenas mais um corte de 0,5 ponto.
Segundo o presidente do BC, boa parte das novas incertezas está ligada a um contexto global, com uma reavaliação das condições mundiais.
No entanto, o chefe da autarquia financeira também destacou uma história local de aumento do prêmio de risco, impulsionada por diversos fatores, incluindo a revisão da trajetória fiscal.