O IPCA-15 de abril, divulgado na manhã desta sexta-feira (25), gerou análises mistas entre os economistas, que destacam tanto alívios pontuais quanto desafios persistentes para a inflação no Brasil.
Especialistas ouvidos pelo BP Money indicam que, embora o indicador tenha ficado em 0,43% no mês, com uma desaceleração em relação ao mês anterior, a inflação subjacente continua elevada, refletindo pressões que devem manter o BC (Banco Central) atento.
De acordo com o economista Maykon Douglas, o número geral de 0,43% ficou praticamente em linha com as expectativas, mas ele chama atenção para a aceleração do índice em termos anuais, que subiu de 5,26% para 5,49%.
“A desaceleração em base mensal veio do grupo de Transportes, com deflação de 0,44%, explicado pela queda nas passagens aéreas (-14,38%) e combustíveis (-0,38%)”, explicou.
Entretanto, o economista observa que, apesar da queda nos preços dos combustíveis e passagens aéreas, o cenário subjacente ainda é complicado.
“Serviços subjacentes continuam elevados e bens industriais seguem pressionados devido à depreciação recente do real”, disse.
Inflação: pressões continuam com serviços e bens industriais elevados
Ainda sobre a prévia da inflação de abril, o economista Leonardo Costa, do ASA, também ressaltou a surpresa nos alimentos, com destaque para carnes e produtos in natura, e uma deflação menor do que o esperado nos combustíveis.
No entanto, Costa destacou que o núcleo de serviços, embora com uma leve desaceleração na média móvel, ainda permanece em níveis elevados.
Para o profissional, o qualitativo do IPCA-15 foi “modestamente pior que o esperado”, principalmente devido ao aumento nos bens industrializados.
Costa projeta uma leve revisão para baixo no IPCA de abril, mas alerta que a inflação continua sendo uma preocupação para o Banco Central.
O economista Flávio Serrano, do BMG, também observou que o resultado do IPCA-15 foi ligeiramente abaixo de suas estimativas, principalmente devido à queda inesperada nas passagens aéreas.
No entanto, ele não descarta que as pressões inflacionárias possam persistir, especialmente em relação aos alimentos e bens industriais.
Serrano destacou que “os núcleos de inflação, que registraram alta de 0,48%, continuam compatíveis com uma inflação anualizada próxima a 6%, muito superior à meta de 3% do Brasil”, o que indica que o Banco Central terá que continuar atento ao cenário.
Em meio a essas análises, os especialistas concordam que, apesar de alívios pontuais em alguns setores, a inflação brasileira continua pressionada e o Banco Central provavelmente precisará seguir com uma política monetária restritiva.
A expectativa é que a volatilidade continue, especialmente em relação aos preços dos alimentos e da energia elétrica, com possíveis reajustes nos próximos meses.