Impostos e tarifas

Inflação e dívida dos EUA: efeitos das agendas de Trump e Kamala

Especialistas comentam impactos sobre a dívida e inflação dos EUA com as agendas econômicas de Donald Trump e Kamala Harris

Donald Trump e Kamala Harris
Foto: reprodução/Instagram (@kamalaharris e @presidentdonaldtrump)

O debate acalorado entre Donald Trump e Kamala Harris movimentou a manhã desta quarta-feira (11), com os efeitos sendo digeridos pelo mercado. A pauta econômica, cara aos cidadãos norte-americanos e considerada ponto forte do ex-presidente, porém, apareceu pouco, em meio à troca de farpas e provocações.

Pesquisas de opinião indicam que os americanos estão descontentes com a forma como o governo atual dos EUA, o qual Kamala Harris faz parte, lidou com a economia. Ainda assim, o candidato republicano teve pouca margem para tratar de temas como inflação e preços dos consumidores.

Em dado momento durante o debate, Harris discutiu propostas de Donald Trump de aumento generalizado de tarifas, que ela apelidou de “imposto de vendas de Trump”. O republicano defendeu o seu projeto, observando que o governo Biden manteve muitas das tarifas que herdou do mandato anterior.

Embora não tenham sido amplamente exploradas durante o debate, especialistas destacaram ao BP Money pontos importantes das agendas econômicas dos presidenciáveis e explicaram os possíveis impactos para a dívida e inflação dos EUA.

Plano de Trump tem impacto maior na dívida e inflação, dizem especialistas

Donald Trump prometeu gerar tarifas para importação de 10% em todos os produtos e até 60% para produtos chineses, o que, de acordo com o economista Bruno Corano, “faria a inflação explodir e geraria um colapso em diversas cadeias produtivas e no custo dos produtos”.

Segundo Corano, enquanto Trump fala em gerar tarifas, Kamala Harris se baseia em uma melhor gestão de impostos e no incentivo a pequenas empresas.

“O destaque de tudo que ela propôs até então é a isenção de impostos federais em US$ 50 mil para as empresas novas que sejam criadas. Ela também tem um plano econômico bem consistente para ajudar com US$ 25 mil as pessoas a darem entrada em suas casas, além de outras propostas menores”, disse Bruno.

Já para a economista Bruna Allemann, ambas as propostas dos candidatos implicam em um aumento do déficit fiscal americano, com um impacto mais significativo no caso de Trump.

Allemann citou a continuidade e ampliação das reduções de impostos defendidas pelo republicano, incluindo a redução da alíquota do imposto corporativo para 15% e a eliminação de impostos sobre benefícios da Previdência Social.

“No curto prazo, essas medidas beneficiam todos os grupos de renda, mas no longo prazo, a consequência será um aumento significativo do déficit federal. Estimativas indicam que essas propostas podem adicionar entre $5,8 e $6,6 trilhões à dívida pública nos próximos dez anos​”, pontuou Bruna.

Por outro lado, o plano modesto e progressivo de Harris, que inclui aumento de impostos sobre grandes corporações e famílias de alta renda e expansão do Child Tax Credit e do Earned Income Tax Credit para beneficiar famílias de baixa e média renda​, pode afetar o crescimento econômico a longo prazo.

“O plano de Harris, embora mais conservador em termos de aumento do déficit, ainda precisa ser mais claro em relação a como será financiado completamente.

Em pesquisa desenvolvida pela Reuters entre 23 e 25 de agosto, 43% dos eleitores registrados para votar disseram preferir a abordagem do ex-presidente para a economia, enquanto 40% preferiam a da vice-presidente.

O resultado já evidenciou um encurtamento na distância entre os candidatos quando comparado a resultados anteriores, sinal de que a campanha de Kamala conseguiu crescer.

Após o debate, a democrata reverteu o cenário das casas de apostas e ultrapassou o republicano nas chances de vitória. Segundo informações do site “Election Betting Odds”, o percentual de Kamala subiu para 51,9 contra 46,8% na manhã desta quarta-feira (11).