A alta da inflação e a perda de renda estão esvaziando as reservas acumuladas pelos brasileiros na fase mais crítica da pandemia do coronavírus, quando o pagamento do auxílio emergencial destinado aos mais pobres e a redução do consumo levaram a um aumento significativo das taxas de poupança.
Estatísticas recentes mostram queda acentuada dos fluxos de poupança e sugerem forte correlação do movimento com a diminuição da renda dos trabalhadores nos últimos meses, afirmam economistas.
Cálculos do professor Carlos Antonio Rocca, do Cemec-Fipe, apontam fluxo negativo de R$ 13,8 bilhões na poupança financeira das famílias em setembro, numa medida ampla que inclui depósitos em cadernetas de poupança, investimentos em ações e outras aplicações financeiras.
A queda foi maior em cadernetas de poupança com saldos inferiores a R$ 5.000. Somente as cadernetas com saldos superiores a R$ 50 mil registraram fluxo positivo, segundo dados do Fundo Garantidor de Crédito compilados por Rocca.
Estimativas do último Relatório de Inflação, publicado pelo Banco Central na sexta (17), indicam perda de renda de 7,6% neste ano até setembro, descontada a inflação.
A conta inclui salários, aposentadorias, benefícios sociais e outras rendas.