União Europeia

BCE mantém taxas de juros enquanto espera clareza sobre comércio

No mês passado, o BCE cortou sua taxa básica para 2%, reduzindo-a pela metade em relação aos 4% registrados um ano antes

Inflação da zona do euro pode se aproximar da meta do BCE
Foto: Divulgação/ BCE

O BCE (Banco Central Europeu) manteve as taxas de juros inalteradas nesta quinta-feira (24), após realizar oito cortes em um ano, enquanto aguarda o desfecho das negociações comerciais entre a UE (União Europeia) e os EUA (Estados Unidos).

No mês passado, o BCE cortou sua taxa básica para 2%, reduzindo-a pela metade em relação aos 4% registrados um ano antes, após conter uma escalada nos preços impulsionada pelo fim da pandemia de Covid-19 e pela invasão da Ucrânia pela Rússia, em 2022.

Com a inflação de volta à meta de 2% do BCE — e com a expectativa de que ela se mantenha nesse patamar —, as autoridades decidiram pela manutenção das taxas nesta quinta. A decisão ocorre em meio à reta final das negociações comerciais entre a UE e o governo de Donald Trump nos EUA.

O Conselho do BCE avalia que a economia da zona do euro apresenta um quadro relativamente equilibrado, com a incerteza de curto prazo sobre o comércio sendo compensada por perspectivas positivas de investimento público no médio prazo.

BCE: impacto das disputas comerciais

“Em parte refletindo os cortes anteriores das taxas de juros pelo Conselho do BCE, a economia tem se mostrado, até agora, resiliente em geral em um ambiente global desafiador”, afirmou o BCE, segundo o InfoMoney. “Ao mesmo tempo, o ambiente continua excepcionalmente incerto, especialmente por causa das disputas comerciais.”

Enquanto a presidente do BCE, Christine Lagarde, e seus colegas ainda estavam reunidos na véspera, diplomatas da UE informaram que os dois lados estavam próximos de um acordo que poderia resultar em uma tarifa ampla de 15% sobre as importações dos EUA de produtos europeus.

Projeções do BCE indicam que tarifas mais altas dos EUA poderiam impactar negativamente o crescimento econômico da zona do euro e, dependendo da extensão da retaliação da UE, gerar pressão inflacionária no médio prazo.

Reação do Mercado

“Se os dois lados de fato concluírem esse acordo, isso apoiaria nosso argumento de que a economia da zona do euro pode recuperar o ímpeto a partir do quarto trimestre e que o BCE não precisará cortar mais os juros”, avaliou Holger Schmieding, economista do Berenberg.