O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou na última quarta-feira (2) que Israel deve se abster de atacar instalações nucleares iranianas em resposta ao ataque com mísseis ocorrido na última terça-feira (1º).
Quando questionado sobre seu apoio a essa possível medida, defendida por políticos de Israel, Biden foi claro em sua negativa, respondendo com um “não”.
Biden mencionou estar disposto a conversar com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre a questão, destacando que o G7, formado pelas maiores economias mundiais, está trabalhando para impedir uma nova escalada do conflito, ao mesmo tempo que reforça sanções adicionais contra o Irã.
“Todos os sete concordamos que Israel tem o direito de responder, mas eles têm de responder proporcionalmente”, disse Biden.
As declarações sinalizam mais um esforço dos EUA para conter as ações de Israel, algo que tem se mostrado difícil ao longo do último ano de confrontos militares.
Em abril, após o Irã lançar uma ofensiva com dezenas de drones contra o território israelense, que não resultou em grandes danos, Israel retaliou atingindo apenas uma instalação militar iraniana.
No entanto, agora, poucos acreditam que a resposta de Israel será tão contida, criando um novo desafio para o governo de Biden, que busca evitar um agravamento das tensões.
“Os EUA já não têm influência diplomática suficiente para forçar um cessar-fogo em Gaza e no Líbano”, disse Jonathan Panikoff, ex-oficial de inteligência dos EUA e analista do Atlantic Council, um centro de estudos de Washington.
Tensão máxima no Oriente Médio
Segundo a análise de Panikoff, com o lançamento de mais de 180 mísseis pelo Irã e a iminente resposta contundente de Israel, o “desafio de evitar uma guerra regional atingiu seu ponto mais crítico desde 7 de outubro.”
Biden tem tentado conter uma retaliação desproporcional por parte de Israel, destacando que o ataque iraniano foi, mais uma vez, frustrado pelas defesas conjuntas de Israel e dos EUA.
Embora reconheça que a ofensiva iraniana representou “uma escalada significativa”, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, afirmou que ela “parece ter sido derrotada e ineficaz.”
No cenário de guerra de narrativas, Israel afirmou que suas defesas minimizaram o impacto do ataque, resultando em “apenas danos menores.” Já Teerã declarou ter conduzido com sucesso bombardeios contra a base Nevatim, que abriga caças F-35, e a sede do serviço de espionagem.
Na terça-feira, Netanyahu afirmou que o Irã cometeu “um grande erro” e que “pagará por isso.” Diferente do ataque anterior, Israel agora se sente menos ameaçado por uma resposta de Teerã, pois sua ofensiva recente contra o Hezbollah enfraqueceu significativamente a força de mísseis do grupo.