O bitcoin tem ocupado espaço no noticiário envolvendo criptomoedas e sua relação com o tarifaço de Donald Trump. Após fechar com queda de mais de 3% na terça-feira (8), o ativo digital encerrou o pregão de quarta-feira (9) com alta de 8,18%.
A volatilidade acontece à medida que os investidores de cripto assistem à guerra comercial entre os EUA e a China e veem uma recessão como uma realidade ainda mais próxima em território norte-americano.
“Trump gerou expectativas iniciais altas sobre um cenário mais favorável à regulamentação cripto, mas suas políticas protecionistas acabaram sendo mais prejudiciais do que benéficas para o bitcoin no curto prazo”, comentou Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio.
Segundo a analista, o mercado de renda variável está precificando o alto risco geopolítico. Além disso, também chama atenção a força compradora institucional — mesmo que relevante — que não está conseguindo sustentar os preços em alta, em meio às pressões macroeconômicas e ao sentimento defensivo generalizado entre os investidores.
Bitcoin pode ser um ativo de proteção em meio à crise?
Apesar das altas apresentadas no início do ano, o avanço foi referente a catalisadores internos do próprio ecossistema de criptomoedas — como as aquisições massivas por grandes empresas.
“O posicionamento da BlackRock e o otimismo do mercado em torno das promessas pró-cripto do governo Trump criaram essa euforia que levou o bitcoin a renovar suas máximas”, explicou Mattos.
Contudo, assim que as tensões externas se elevaram, o bitcoin seguiu as perdas dos outros ativos de risco. A volatilidade intensa, somada à queda, se intensificou à medida que as tarifas comerciais de Trump ganharam espaço e a inflação cresceu com o clima de incerteza nos EUA.
“Se o cenário macro começar a aliviar, especialmente com cortes de juros efetivos pelo Fed e diminuição das tensões geopolíticas, o bitcoin tem espaço de sobra para se reposicionar como reserva de valor”, acrescentou a analista.
Em complemento, o CFO da Tokeniza, Mychel Mendes, afirmou que, no longo prazo, o cripto deve ser uma opção viável para proteção num cenário de volatilidade dos mercados. “Inclusive grandes empresas e fundos americanos estão provando isso, comprando mais e mais bitcoin”, acrescentou.
Tarifa de Trump atrasa ‘uma alta iminente’
Ainda segundo Mendes, as chamadas “tarifas recíprocas” estão adiando uma “alta que estava iminente, mas seguem criando força para essa valorização”. Segundo ele, quanto mais o tempo passa, mais uma queda nos juros se torna forçada, bem como a emissão de capital — fatores essenciais para a valorização das criptos.
O esperado é que haja uma recuperação no mercado cripto no segundo trimestre, mas desde que haja melhora no ambiente macro. “Segundo a lógica de Taleb, [isso] configura um evento raro e imprevisível que surpreende o mercado com impacto extremamente benéfico, gerando ganhos explosivos”, pontuou Mattos.
Além desses fatores, o próprio mercado detém forças internas que podem impulsionar uma retomada de alta. Dentre esses componentes estão a acumulação institucional massiva e a retomada da confiança do mercado, à medida que as disputas regulatórias nos EUA se dissipam, abrindo espaço para maior clareza jurídica.