Em dólares

Bolsa argentina cai mais de 50% e tem pior ano desde 2008

Argentina amarga o pior desempenho entre 21 mercados acompanhados pela Elos Ayta, enquanto bolsas globais acumulam ganhos expressivos

Dólar atingiu o valor mais baixo do ano nesta quarta-feira (11) (Foto: Oren Elbaz/Unplash)
Dólar atingiu o valor mais baixo do ano nesta quarta-feira (11) (Foto: Oren Elbaz/Unplash)

Bolsas de valores no mundo estão passando por altas significativas no ano, porém, o mesmo não ocorre na Argentina, que no momento vive um capítulo frustrante após a disparada de quase 115% no ano passado. Em relatório, a consultoria Elos Ayta registra que o índice Merval, principal referência acionária argentina, acumula uma queda de 31,78% em pesos argentinos até o dia 9 de setembro.

Porém, segundo dados dos analistas, o dado ganha ainda mais força se convertido a dólares. A baixa chega a 50,35%, o pior resultado entre 21 bolsas observadas pela consultoria e a maior perda desde 2008.

O cenário argentino tem forte sinal de oposição aos primeiros lugares do ranking feito pela consultoria. No topo, quem aparece é a Colômbia, com valorização de 51,08% em dólares. Logo atrás estão a Espanha (46,34%) e a Itália (38,78%).

Quando se trata do Ibovespa, o principal índice acionário do Brasil, os analistas percebem uma “escalada peculiar”. Em reais, o índice sobe 17,74% até agora, mas em dólar alcança uma valorização de 34,32%, pois a valorização do dólar frente ao real chegou a 12,35%.

Segundo o fato relevante, o investidor estrangeiro que decidiu trazer dólares para o Brasil obteve quase o dobro do retorno quando converteu de volta.

Os principais índices dos EUA também entram na lista, ainda com um nível de ganho mais modesto. A Nasdaq ganha 13,3%, S&P 500 teve alta de 10,73% e o Dow Jones avançou 7,44%. “Na comparação internacional é considerado desempenho modesto, ainda assim representa valorização – algo distante de Buenos Aires”, diz o relatório.

Forte recessão desde 2008

O índice Merval estar volátil em dólar não é nenhuma novidade. Em 2024, acumulou uma alta de 114,91% e agora despenca mais de 50% em 2025. Os analistas da Elos Ayta explicam que há um padrão claro de funcionamento: períodos de grandes ganhos tendem seguidos por quedas igualmente históricas.

E os maiores exemplos são os anos de 2008 e 2018. O primeiro viu uma crise financeira global, que levou à fuga de capitais e investimentos estrangeiros de países emergentes. A queda foi de 54,17% neste ano.

Já em 2018, a crise era interna, com sérios problemas de câmbio e uma desvalorização de aproximadamente 50% do peso argentino. O relatório relembra que neste ano, o governo argentino da época pediu o maior pacote de ajuda da história do FMI (Fundo Monetário Internacional), de US$ 57 bilhões, e o país ainda vivia “um cenário de déficit fiscal elevado, inflação acima de 40% e desconfiança dos investidores”. Ao todo, o Merval caiu 49,96% em dólares.

Segundo o documento, a lição que fica para o investidor é que a Argentina vive uma tradição isolada (tanto na moeda local quanto em dólares), enquanto os vizinhos como Brasil, Chile, México e Colômbia “surfam a maré global”.