Os ministros das Finanças dos países do Brics defenderam neste sábado (6) uma ampla reforma na governança do FMI (Fundo Monetário Internacional).
No comunicado conjunto, os ministros de Finanças do Brics defenderam que a gestão do FMI deve reforçar a representatividade regional, respeitando o mérito, mas superando o “acordo de cavalheiros” do pós-Segunda Guerra Mundial, considerado pelo grupo como ultrapassado e incompatível com a atual ordem global.
É a primeira vez que o bloco, que agora inclui também Egito, Etiópia, Indonésia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, chega a um consenso em torno do tema.
A diversidade entre os novos integrantes vinha dificultando uma posição comum.
O grupo também decidiu levar uma proposta unificada à próxima revisão do FMI, prevista para dezembro, reforçando que o novo cálculo de cotas deve refletir o peso real de cada país na economia global.
Eles pedem mais ênfase para o critério de PPC (Paridade de Poder de Compra), o que beneficiaria principalmente economias emergentes.
“Essa mudança beneficiaria países como China e Índia, mas alguns dos membros dos Brics perderiam espaço. Ainda assim, o entendimento é de que o acordo é justo”, disse uma fonte brasileira envolvida nas negociações.
Além disso, os ministros iniciaram conversas sobre a criação de um fundo de garantias multilateral do Brics, a ser gerido pelo NBD (Novo Banco de Desenvolvimento). A ideia é reduzir custos de financiamento e atrair mais investimentos para infraestrutura e projetos sustentáveis.
Inspirada na MIGA, agência do Banco Mundial, a iniciativa surge em meio à crescente volatilidade dos mercados e incertezas sobre a política econômica dos EUA.
A declaração dos ministros critica medidas unilaterais que distorcem o comércio global.
“Manifestamos nossa séria preocupação com a imposição unilateral de medidas relacionadas ao comércio e às finanças, incluindo o aumento de tarifas e medidas não tarifárias que distorcem o comércio e são inconsistentes com as regras da Organização Mundial do Comércio”, conclui o documento.