Investimento em infraestrutura

China anuncia megaprojeto de US$ 167 bilhões

A que pode vir a ser a maior hidrelétrica do mundo pode adicionar 0,1 p.p ao PIB do país.

O rio Yarlung Tsangpo. Foto: reprodução/Silk Road Travel)
O rio Yarlung Tsangpo. Foto: reprodução/Silk Road Travel)

A China anunciou nesta semana o início das obras da que pode vir a ser a maior hidrelétrica do mundo; investimento planejado é de US$ 167 bilhões (R$ 933 bilhões). Esse anúncio, inclusive, impactou no avanço do minério de ferro na bolsa Dalian (movimento que influenciou diretamente nas empresas brasileiras do setor).

O projeto consta com cinco usinas em cascata, com capacidade total de 300 bilhões de kWh (quilowatt-hora) por ano, o triplo da hidrelétrica de Três Gargantas (CN), atualmente a maior do mundo.

De acordo com a newsletter The News, o projeto pode adicionar 0.1 p.p (ponto percentual) ao PIB chinês por mais de 10 anos, principalmente pela demanda por cimento e aço. A hidrelétrica será localizada no Planalto Tibetano, próximo à fronteira com Busão e Nepal, aproveitando o rio Yarlung Tsangpo.

O banco Morgan Stanleu espera que o projeto consuma entre 20 e 30 milhões de toneladas (mnt) de cimento ao longo de sua execução, ou cerca de 1 a 1,5 mnt por ano. Na avaliação da instituição, a fábrica da Huaxin no Tibete, situada a apenas 400 km do canteiro de obras, tende a ser a mais favorecida. O Morgan Stanley também destaca que siderúrgicas já começaram a receber pedidos relacionados à obra.

No Brasil, o Bradesco BBI espera que o projeto impulsione a demanda por materiais de construção, o que seria positivo para empresas do Ibovespa com a Vale (VALE3), a CSN (CSNA3) e a Gerdau (GGBR4). Apesar da sazonalidade fraca, os preços do minério de ferro seguem tendo forte impulso, sobre o compromisso da China em reduzir a capacidade obsoleta, sustentando o sentimento do mercado.

A Genial Investimentos avaliou que o projeto reforça a postura chinesa em reaquecer a economia usando investimentos em infraestrutura, principalmente relacionados a energias renováveis. “O investimento bilionário poderá impulsionar a demanda por aço e minério de ferro, oferecendo algum alívio frente à queda estrutural da demanda do setor imobiliário”, pontua. “O mercado viu isso como um movimento positivo, ainda que especulativo, para os players de aço e minério.”

Além disso, a Genial acredita que o anúncio pode sinalizar uma nova rodada de estímulos macroeconômicos, o que tende a gerar otimismo de curto prazo nos mercados globais, ainda que o efeito seja temporário. Com isso, reiterou recomendação de compra para Vale, com preço-alvo de R$ 64.

Transição energética renovável

Além do impacto econômico, o projeto também visa uma mudança na postura do gigante asiático sobre energias renováveis. Atualmente, a China é o maior emissor de gás carbônico do mundo e está operando uma expansão para atingir metas de redução de emissões e estabilizar seu fornecimento de energia. Além desse, o país possui diversos projetos hidrelétricos, mais do que qualquer outro país, disse o Infomoney.