
A China comprou pelo menos 10 cargas de soja dos EUA, avaliadas em cerca de US$ 300 milhões, em contratos fechados desde terça-feira (25), afirmaram dois traders com conhecimento das negociações.
As compras ocorrem um dia após a conversa telefônica entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping.
As aquisições, de volumes maiores que o usual, marcam uma intensificação do movimento chinês após o recente degelo nas relações comerciais entre os dois países.
Trump classificou o relacionamento com a China como “extremamente forte” após o telefonema de segunda-feira e disse ter pressionado Xi a acelerar e ampliar a compra de produtos americanos, afirmando que o líder chinês “concordou mais ou menos”.
Volumes e preços
Um dos traders disse que a China adquiriu cerca de 12 cargas, enquanto outro estimou o total entre 10 e 15. Cada carga possui entre 60 mil e 65 mil toneladas.
Os embarques estão programados para janeiro, saindo de terminais da Costa do Golfo e dos portos do Noroeste do Pacífico. As compras foram realizadas mesmo com o grão americano mais caro: a China pagou cerca de US$ 2,3 por bushel acima do contrato futuro de janeiro em Chicago para embarques no Golfo, e US$ 2,2 por bushel para cargas no Noroeste, bem acima do prêmio do produto brasileiro, próximo de US$ 1,8 por bushel.
Para analistas, os valores seguem pressionando as margens de esmagamento.
“Com esses preços, as margens não são viáveis”, disse Johnny Xiang, fundador da AgRadar Consulting, em Pequim.
Contexto político e comercial
A China havia evitado a soja dos EUA nos últimos meses diante do impasse comercial entre Washington e Pequim. Mas o país voltou a comprar após as conversas entre Trump e Xi no fim de outubro, na Coreia do Sul.
A estatal Cofco liderou as últimas operações, reservando quase 2 milhões de toneladas desde o final de outubro, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
Os volumes, porém, seguem abaixo das 12 milhões de toneladas mencionadas pela Casa Branca. Ainda assim, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse na terça-feira que as compras estão “dentro do cronograma”, citando um acordo que prevê que Pequim adquira 87,5 milhões de toneladas de soja americana nos próximos três anos e meio.