A China adota medidas robustas para reverter a crise no mercado imobiliário, a fim de resolver os desafios persistentes que têm impactado sua economia por anos.
O foco principal dessas medidas, anunciadas recentemente, é a implementação de uma política já testada em algumas cidades chinesas: as autoridades municipais e locais estão sendo incentivadas a adquirir casas não vendidas e convertê-las em moradias acessíveis para famílias de baixa e média renda.
Esse programa abrange 21 entidades governamentais, incluindo bancos e outras instituições financeiras estatais, que serão incentivadas a financiar a compra de imóveis em todo o país, especialmente por empresas estatais provinciais, a preços considerados razoáveis.
A expectativa é que esse influxo de recursos resulte em cerca de US$ 69 bilhões para a compra desses imóveis, com taxas de juros subsidiadas.
Além disso, o pacote inclui o fim do patamar mínimo para os juros dos financiamentos imobiliários e uma redução nos pagamentos de entrada exigidos dos compradores em potencial.
Estas ações são vistas como o início de uma solução para a crise habitacional na China, conforme observa Ting Lu, economista-chefe para a China no banco de investimentos Nomura.
A reação do mercado foi positiva, com as ações das empresas do setor imobiliário na China apresentando um aumento significativo.
No entanto, a escala e a eficácia dessas medidas ainda estão sob análise, especialmente considerando os desafios financeiros enfrentados por cidades e governos locais.
Economistas destacam a importância de resolver o estoque de imóveis não vendidos e concluir projetos paralisados para restaurar a confiança dos consumidores e empresas, além de impulsionar a economia como um todo.
Desafios e dinâmicas na economia Chinesa
Em abril, as cifras do varejo na China revelaram um aumento de 2,3% em comparação ao mesmo período de 2023, conforme relatado pela Agência Nacional de Estatísticas da China na sexta-feira.
Essa taxa ficou abaixo dos 3,1% registrados em março e dos 4% previstos por analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”.
Esse declínio é atribuído, em grande parte, aos gastos mais tímidos com veículos e eletrodomésticos, de acordo com os dados, apesar dos esforços do governo para estimular a troca de produtos antigos por novos.
Martin Lau, presidente da Tencent, apontou que muitos consumidores ainda optam por economizar significativamente, refletido pelo influxo em fundos do mercado monetário, que investem em títulos de dívida de curto prazo.
“Há uma disposição reduzida dos consumidores para gastar”, afirmou Lau.
Por outro lado, o setor industrial chinês teve um desempenho notável em abril, com um aumento de 6,7% na produção industrial em comparação anual, superando os 4,5% registrados em março.
Dada a estagnação do setor imobiliário e a desaceleração do consumo interno, a China tem direcionado seus esforços para impulsionar a economia através do setor industrial. Isso inclui empréstimos direcionados para fábricas, especialmente aquelas em setores estratégicos, como veículos elétricos, baterias e equipamentos de energia renovável.
No entanto, a demanda interna fraca tem levado a uma crescente exportação desses produtos a preços competitivos, também impulsionada pela relativa fraqueza do yuan.
Recentemente, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou novas tarifas sobre cerca de US$ 18 bilhões em importações chinesas, citando práticas comerciais injustas. Entre essas medidas, destaca-se o aumento das tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100%, excluindo-os do mercado americano.
Em resposta, a China denunciou essas decisões como protecionistas e como um reflexo da crescente falta de competitividade dos EUA em setores estratégicos.