O governo chinês voltou a negar, nesta segunda-feira (28), que esteja mantendo conversas com os EUA sobre tarifas comerciais.
Durante uma coletiva de imprensa, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Guo Jiakun, afirmou que “não houve ligação recente” entre o presidente Xi Jinping e o ex-presidente Donald Trump, contradizendo declarações recentes de Trump à revista Time.
Guo reforçou a posição oficial de Pequim ao afirmar: “Gostaria de reiterar que China e EUA não realizaram consultas ou negociações sobre a questão tarifária”.
Na semana anterior, Trump havia declarado que conversou por telefone com Xi e afirmou que negociações estariam em andamento.
A autoridade chinesa repetiu essa afirmação em diversas ocasiões, inclusive enquanto estava em Roma para o funeral do Papa Francisco. Apesar disso, as autoridades chinesas reiteram que não há qualquer tratativa formal entre os dois países sobre o tema.
EUA e Chinha: tensão comercial cresce mesmo sem diálogo formal
A disputa tarifária entre China e EUA ganhou novos contornos após Washington elevar, no início de abril, as tarifas sobre produtos chineses para 145%.
Em resposta, o governo chinês adotou contramedidas e vem insistindo que o fim das tarifas unilaterais impostas pelos EUA é condição essencial para que qualquer negociação seja retomada.
Embora a China negue que haja tratativas em andamento, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sinalizou no domingo (27) que “há um caminho” possível para um eventual acordo. Segundo ele, autoridades chinesas participaram de reuniões com representantes americanos durante o encontro do FMI em Washington.
No entanto, esses contatos, de acordo com Bessent, concentraram-se em temas como estabilidade financeira e riscos econômicos globais — e não incluíram discussões formais sobre tarifas.
Bessent também sugeriu que a China possa estar adotando uma narrativa distinta para o público interno e defendeu a abordagem americana, marcada pela imprevisibilidade nas negociações.
“Ninguém é melhor em criar essa alavancagem do que o presidente Trump”, afirmou em entrevista à ABC News.
Enquanto o cenário diplomático permanece indefinido, setores da economia americana já começam a sentir os efeitos da escalada comercial. De acordo com a Bloomberg, a varejista chinesa Shein aumentou em até 377% o preço de certos produtos vendidos nos Estados Unidos, antecipando os impactos das novas tarifas.
Trump, por sua vez, mantém sua defesa das tarifas como medida benéfica para a economia nacional. Ele tem prometido cortes de impostos para cidadãos com renda inferior a US$ 200 mil anuais e ações para estimular o emprego.
A secretária da Agricultura, Brooke Rollins, declarou que, caso necessário, o governo está pronto para apoiar os produtores rurais, como foi feito durante o primeiro mandato de Trump.