
O conflito Israel-Irã amplia a instabilidade no Oriente Médio e já provoca impactos relevantes nos mercados financeiros globais.
No Brasil, os reflexos são imediatos: o Ibovespa cai, o dólar sobe e o petróleo dispara.
Diante disso, o planejador financeiro CFP e especialista em investimentos Jeff Patzlaff recomenda estratégia, diversificação e atenção redobrada ao cenário externo.
Conflito Israel-Irã eleva risco global e valoriza ativos de proteção
Segundo Patzlaff, “o principal impacto desse conflito entre Israel e Irã é o aumento da aversão ao risco global”.
Como a região é estratégica para a produção e transporte de petróleo e gás, qualquer tensão gera desconfiança entre investidores.
Além disso, o estreitamento do Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial, intensifica o temor de desabastecimento.
Por isso, os preços do petróleo sobem mais de 9%, enquanto ativos considerados seguros – como dólar, ouro e títulos do Tesouro americano – se valorizam rapidamente.
Alta do petróleo pressiona a inflação e trava cortes de juros
Com o petróleo mais caro, os combustíveis ficam mais caros. Isso, naturalmente, provoca um efeito cascata sobre a inflação global. 7
“Com a inflação já alta no país e a Selic elevada, o choque externo dificulta qualquer alívio monetário no curto prazo”, explica o especialista.
Consequentemente, setores que dependem de combustíveis ou insumos importados sofrem impacto imediato nas margens de lucro.
Além disso, a alta dos juros compromete a recuperação do consumo e limita o crescimento interno.
Conflito Israel-Irã derruba a bolsa, mas fortalece exportadoras brasileiras
O conflito Israel-Irã também derruba os principais índices acionários. “O Ibovespa tende a reagir negativamente no curto prazo, com correções nos setores cíclicos”, afirma Patzlaff.
No entanto, ele destaca que algumas ações podem se beneficiar. “A Petrobras, por exemplo, tende a ampliar suas receitas com a alta do petróleo. Já a Vale, mesmo sem atuar no setor, ganha com a valorização do dólar, que amplia suas receitas de exportação.”
Assim, empresas ligadas a commodities ou ao mercado externo funcionam como proteção em momentos de instabilidade.
Setores cíclicos sentem os efeitos do cenário inflacionário e dos juros altos
Por outro lado, setores como varejo, aviação e locadoras de veículos estão entre os mais prejudicados. “São empresas fortemente dependentes do consumo interno e do crédito”, alerta o especialista.
Além disso, os juros elevados aumentam os custos de financiamento, enquanto a inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No caso das companhias aéreas, por exemplo, o aumento do custo do querosene – que acompanha o petróleo – compromete diretamente as margens.
Consequentemente, a demanda por passagens tende a cair.
O mesmo vale para as locadoras, que sofrem tanto com o encarecimento do crédito quanto com a possível retração do mercado.
Investidores devem adotar postura cautelosa e acompanhar os desdobramentos do conflito Israel-Irã
Diante de tantos fatores de risco, Patzlaff recomenda que os investidores evitem decisões impulsivas. “É essencial atuar com estratégia, diversificação e cautela”, afirma.
Ele sugere reduzir a exposição a setores cíclicos e concentrar parte do portfólio em ativos defensivos.
Além disso, é importante buscar alternativas com rentabilidade real positiva.
“Com a Selic alta, Tesouro Selic, CDBs de bancos médios e fundos DI ganham atratividade. Tesouro IPCA+ com vencimentos médios também ajuda a proteger contra choques inflacionários.”
Por fim, o especialista orienta manter liquidez em parte da carteira.
“O investidor precisa estar preparado para reagir, pois o conflito Israel-Irã pode escalar ou recuar rapidamente. Mais do que nunca, é preciso acompanhar o cenário e evitar decisões por impulso.”