
A inflação ao consumidor nos EUA surpreendeu em março ao registrar deflação de 0,1%, revertendo a alta de 0,2% observada em fevereiro, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Departamento do Trabalho. O resultado levou o índice anualizado de inflação a 2,4%.
As expectativas de mercado, de acordo com pesquisa da Reuters, apontavam para um leve aumento de 0,1% no mês, cenário que considerava o recuo nos preços da energia e a dissipação dos reajustes aplicados no início do ano.
Para o acumulado de 12 meses até março, as projeções indicavam uma inflação de 2,6%, abaixo dos 2,8% registrados em fevereiro, o que já sinalizava uma possível desaceleração — embora em ritmo menos acentuado do que o que se confirmou.
O que dizem os analistas sobre o CPI de março?
Em análise sobre o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA, Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, destacou que a queda de 0,1% no CPI em março resultou em um alívio momentâneo, mas alertou para os desafios futuros.
“O crescimento abaixo do previsto no núcleo do CPI foi impactado pela redução do componente de habitação, que vinha sendo o maior responsável pelos aumentos anteriores e um dos mais preocupantes por ser mais persistente”, afirmou.
O profissional também comentou sobre o impacto das tarifas de importação e as incertezas associadas, principalmente em relação à China, com a tarifa atual de 125%.
EUA: Goldman não vê mais recessão após Trump pausar tarifas
Com a pausa de 90 dias para a maior parte das tarifas aos parceiros dos EUA, anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, nesta quarta-feira (9), o Goldman Sachs retomou as suas projeções de que a recessão nos EUA não será o cenário-base para os próximos meses.
Na visão de Jan Hatzius e equipe do Goldman, a pausa sobre as taxas extras mantém todas as tarifas anteriores e a parcela mínima de 10% de tarifa recíproca. Mesmo assim, os economistas seguem projetando tarifas adicionais específicas para cada setor.
“Juntas, essas tarifas provavelmente somarão algo próximo à nossa expectativa anterior de um aumento de 15 pontos percentuais na alíquota efetiva da tarifa. Como resultado, estamos retornando à nossa previsão anterior de não recessão, com crescimento do PIB de 0,5% e probabilidade de recessão de 45%”, avaliou o banco.
Anteriormente, quando ainda não havia sinais de uma reviravolta por parte de Trump, o Goldman havia elevado sua probabilidade de recessão nos EUA para os próximos 12 meses de 45% para 65%.
“Agora, estamos retornando a nossa previsão anterior de cenário-base sem recessão, que projetava um crescimento do PIB de 0,5% no quarto trimestre de 2025, um pico da taxa básica de inflação PCE de 3,5%, uma probabilidade de recessão de 45% e três cortes consecutivos de 25 pontos-base nas taxas de juros pelo Fed em junho, julho e setembro”, disse a equipe.