Avaliação de especialistas

Dólar mantém status de refúgio global mesmo com ‘crise’ nos EUA

Especialistas apontam que ainda há risco de uma maior desvalorização da divisa norte-americana no curto e médio prazos

Foto: PixaBay
Foto: PixaBay

Apesar da paralisação do governo dos EUA, de uma política fiscal pressionada e de um cenário político que pesa sobre questões monetárias, o dólar ainda é visto como uma boa opção de reserva. A avaliação é de especialistas ouvidos pelo BP Money.

“Em momentos de crise, investidores do mundo inteiro ainda buscam o dólar como proteção. Então, para o brasileiro, faz sentido manter parte do patrimônio nessa moeda — além disso, a diversificação serve como proteção”, explicou Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.

Contudo, Patzlaff ressalta que o dólar já não pode ser considerado a única alternativa segura, embora continue “importante, mas não imbatível”.

Reforçando essa visão, Ruam Oliveira, planejador financeiro e especialista em investimentos, pontuou que “o dólar continua sendo uma reserva de valor sólida para o investidor brasileiro”.

Na visa são de economistas, o dólar é a moeda central do comércio internacional, logo os títulos do Tesouro norte-americano compõem uma parcela expressiva das reservas cambiais globais. Adicionalmente, o Brasil, historicamente, apresenta uma das inflações nominais mais altas do mundo. Segundo o especialista, isso torna a proteção em dólar um mecanismo eficiente para preservar poder de compra no longo prazo.

Além disso, ao investir em ativos denominados em dólar, o investidor amplia seu acesso a mercados mais diversificados. Essa variação traz múltiplas classes de ativos e alternativas de proteção de capital que o mercado doméstico, pela sua limitação de tamanho, não consegue oferecer.

Mesmo sendo 1ª opção, dólar pode desvalorizar mais

Diante do cenário, especialistas apontam que ainda há risco de uma maior desvalorização da divisa norte-americana no curto e médio prazos. O principal fator é o tamanho da dívida pública dos EUA, que exige rolagem constante de trilhões de dólares em títulos.

“Para atrair compradores e manter o financiamento dessa dívida, o governo dos EUA pode adotar políticas que pressionam o valor do dólar, tornando-o mais acessível globalmente”, comentou Oliveira.

Além disso, o planejador financeiro também aponta riscos ligados à instabilidade política doméstica, ao ciclo de juros do Fed (Federal Reserve) e às tensões geopolíticas. Segundo ele, esses fatores podem alterar fluxos de capitais internacionais e gerar volatilidade cambial. Ainda assim, mesmo com oscilações, o dólar permanece como referência central dos mercados financeiros.

Analistas apontam investimentos alternativos

Ainda segundo os especialistas, a diversificação de investimentos é essencial. “O ideal não é escolher apenas uma alternativa, mas misturar algumas delas, equilibrando segurança e potencial de crescimento. O ouro é uma alternativa excelente — em 2025, segue como proteção contra crises políticas e fiscais, além de servir de hedge contra a inflação global”, disse Patzlaff.

Outra opção são ETFs globais, que permitem investir em várias empresas de diferentes países, reduzindo a dependência de uma só economia.