O presidente do Fed (Federal Reserve), Banco Central dos EUA, Jerome Powell segue mantendo suspense ao mercado, sem confirmar um calendário de cortes sobre a taxa de juros norte-americana. Sem muitas pistas claras, os investidores nacionais sinalizam a preferência de se manter em territórios com pouca exposição de risco.
Neste cenário, a cautela com o mercado de renda variável é apontada por Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike. Por outro lado, o especialista destaca vantagem nos fundos de crédito e FIDCs (Fundo de investimento em direitos creditórios).
“No mês de maio, quase todos os fundos de renda variável tiveram saques, ampla diminuição, investimentos em ação caindo. Já os fundos de crédito do Brasil, FIDC multicedente/ multissacado estão ampliando os valores em todos os meses do ano”, avaliou.
Bruno Corano, economista e investidor da Corano capital, saliente, que o impacto da queda no mercado local será a longo prazo. Isso por que, de acordo com sua análise, caso o Fed inicie o ciclo de corte na política inflacionária, será necessário mais de uma reunião do Fed para que o impacto seja sentido no Brasil.
Ainda assim, pensando a longo prazo, ele explica que setores atrelados ao crédito terão impactos positivos.
“É esperado que, conforme os juros comecem a cair, isso vai aquecer a economia, especialmente em setores que estavam estagnados, como por exemplo o comércio de casas, que comparado a referências passadas teve uma profunda queda”, disse.
Fed deve realizar máxima de dois cortes nos juros, afirmam especialistas
Ao BP Money, o economista e investidor da Corano capital, Bruno Corano, ressalta que boa parte dos economistas locais e de Nova York, analisando as recentes posturas do Fed, não estão convencidos de que os juros vão começar a cair em setembro.
“Ainda não existem indícios de que essa próxima reunião do FED vai voltar [o ciclo de cortes], de forma alguma vai indicar que as chances aumentaram para setembro. Então, ainda continuamos na mesma perspectiva de que podem até ter um ou dois cortes, mas certamente setembro não será”, avaliou.
Endossando a afirmação acima, Eyng espera que a autarquia monetária norte-americana deva realizar apenas um corte nos juros e defende a tese de que o Fed deva se utilizar de uma abordagem menos brusca.
“Porque lá a inflação ainda está longe da meta que é 2%, as próprias previsões de juros longos lá, conforme análise divulgada pelo FED, aumentou de 2,6% para 2,8%. Então a gente repara e analisa que sim, a inflação vem diminuindo nos EUA, mas bem gradualmente”, justifica.