As políticas tarifárias implementadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, já resultaram em perdas superiores a US$ 34 bilhões para empresas ao redor do mundo, segundo análise da Reuters baseada em balanços corporativos divulgados nesta sexta-feira (30).
O montante inclui reduções nas vendas e aumentos nos custos operacionais, afetando companhias na América do Norte, Europa e Ásia.
Grandes corporações como Apple, Ford, Porsche e Sony revisaram para baixo suas projeções de lucro ou retiraram completamente suas estimativas, citando a imprevisibilidade das políticas comerciais como principal fator de incerteza. A análise abrange 32 empresas do índice S&P 500, três do europeu Stoxx 600 e 21 do japonês Nikkei 225.
Especialistas acreditam que o impacto real pode ser ainda maior. Jeffrey Sonnenfeld, professor da Yale School of Management, sugere que os efeitos indiretos, como a retração no consumo e nos investimentos, além da pressão inflacionária, ampliam significativamente os prejuízos.
A instabilidade gerada pelas tarifas levou ao menos 42 empresas a reduzirem suas previsões e outras 16 a suspenderem completamente suas estimativas. O Walmart, por exemplo, evitou divulgar projeções de lucro trimestral e anunciou aumento de preços, decisão criticada por Trump.
Impacto das tarifas nas empresas
A Volvo Cars suspendeu suas previsões de lucros para os próximos dois anos, enquanto a United Airlines apresentou múltiplas projeções para 2025, refletindo a dificuldade em antecipar o cenário macroeconômico.
Setores como o automotivo, aéreo e de bens de consumo estão entre os mais afetados. As tarifas elevaram os custos de matérias-primas como alumínio e componentes eletrônicos, tornando a produção mais cara.
A Kimberly Clark, fabricante dos lenços Kleenex, reduziu sua previsão de lucro e estimou um impacto de US$ 300 milhões na cadeia de suprimentos este ano. A Diageo, dona de marcas como Johnnie Walker, anunciou cortes de US$ 500 milhões em custos e a venda de ativos até 2028 para compensar o impacto das tarifas sobre bebidas importadas da Europa e Reino Unido.
Apesar de uma trégua temporária nas disputas comerciais entre EUA e China e da suspensão de tarifas adicionais contra a Europa, a falta de acordos comerciais definitivos mantém o ambiente de incerteza, dificultando o planejamento e as decisões estratégicas das empresas.