Apesar de alguns dos maiores bancos dos EUA terem apresentado resultados positivos na temporada de balanços do segundo trimestre, os resultados também sinalizaram preocupações com um estresse financeiro norte-americano.
Ao BP Money, Kevin C. Gervasoni, trader do TC S.A, o aumento na perda de crédito é “um sinal claro de que a economia não está bem”.
Isso por que os resultados dos bancos normalmente são vistos pelo mercado como um indicador líder do que está por vir na economia.
A temporara de balanço dos bancos norte-americanos deixa como vestígio os sinais de que empresas e consumidores estão enfrentando problemas financeiros, o que pode levar a um aumento na inadimplência de empréstimos.
O Gervasoni menciona o relatório do JPMorgan Chase, que levantou preocupações sobre a deterioração na qualidade do crédito, reforçando a ideia de que as condições econômicas estão enfraquecendo.
“Reservamos US$ 3.1 bilhões em provisões para perdas de crédito, 62% acima do primeiro trimestre”, diz o documento.
“Esse aumento de custos para provisões trouxe uma preocupação sobre a qualidade do crédito em geral, por sorte, o sentimento do mercado mudou fortemente após um CPI melhor do que o esperado, que fez com que esse sentimento de que as coisas estão caminhando para o buraco mudasse rapidamente”, avaliou.
Para o trader, o mercado ajustou suas expectativas quanto a uma possível redução nas taxas de juros pelo Fed (Federal Reserve), o que poderia proporcionar algum alívio na atual dificuldade de crédito.
“Olhando puramente para as cotações, nós vimos os mercados irem de quedas fortes no setor após as demonstrações de resultado, para altas sequenciais nos dias seguintes ao CPI”, completou.
Aumento de lucros nos bancos norte-americanos
Felipe Negri, CEO do Pinbank, destacou que “os grandes bancos americanos reportaram aumentos substanciais nos lucros no segundo trimestre”.
O Citigroup teve um aumento de 10% no lucro líquido, totalizando US$ 3,22 bilhões. Já o Bank of America registrou lucro líquido de $7.4 bilhões, representando um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
O JPMorgan Chase apresentou um aumento de 25% em comparação ao mesmo período em 2023, atingindo um lucro líquido de $18,1 bilhões. O Goldman Sachs se destacou com um lucro líquido de $2,89 bilhões, um aumento de 150% em relação ao ano anterior.
Negri também observou que os controles de custos foram fundamentais para os resultados apresentados, mesmo com o crescimento nas receitas.
“BofA e Citigroup foram muito efetivos no controle de despesas, divulgando um aumento na receita de 0,7% e 4,0% respectivamente”, disse ele.
Além disso, JPMorgan Chase e Goldman Sachs reportaram um crescimento na receita líquida de 22% e 17%, alinhados ao resultado do lucro líquido, demonstrando maior incremento na efetividade comercial tracionada.
O crescimento foi impulsionado principalmente pelo aumento das taxas de juros, ampliando as margens de lucro nos empréstimos dos bancos, e os investimentos em renda fixa e negociações de títulos se destacaram em um cenário de incertezas econômicas e volatilidade nos mercados de ações.
Impacto das taxas de juros elevadas
Kevin C. Gervasoni ressalta que os resultados do Wells Fargo (WFC) e do Bank of America (BAC) refletiram outra grande dificuldade do setor nos últimos trimestres relacionada ao impacto das taxas de juros mais altas, uma diminuição da receita líquida de juros com uma alta nos custos de financiamento (um NII pior).
No caso do Wells Fargo, a receita líquida de juros caiu US$ 1.2 bilhões, ou 9% em relação ao segundo trimestre de 2023, o custo médio dos depósitos também subiu para 1,84%, acima dos 0,71% do 2T23.
“Sua linha de crédito segue piorando trimestre contra trimestre, a média de empréstimos caiu US$ 28.9 bilhões, ou 3%, em relação ao ano anterior, impulsionada por quedas na maioria das categorias de crédito, parcialmente compensadas por saldos mais elevados de empréstimos de cartão de crédito”, disse.