Collins, de Boston

Fed diz estar pronto para agir e estabilizar mercado, se preciso

Fed diz estar pronto para agir e estabilizar mercado, se preciso

Em meio à crescente turbulência nos mercados financeiros dos EUA, a presidente do Fed (Federal Reserve) de Boston, Susan Collins, afirmou ao Financial Times que o banco central americano está “absolutamente” pronto para intervir, caso seja necessário, a fim de restaurar a estabilidade.

As declarações de Collins surgem num momento delicado: as bolsas de valores e os mercados de títulos — tanto públicos quanto privados — vêm acumulando perdas expressivas, refletindo o clima de incerteza gerado pelo aumento generalizado de tarifas promovido pelo presidente Donald Trump.

O movimento tem provocado uma fuga de capitais, culminando numa venda agressiva de títulos do Tesouro americano — até então considerados porto seguro para investidores globais —, escancarando uma crise de confiança em ativos dos EUA.

Na últma quinta-feira (10), outros dirigentes do Fed, incluindo os presidentes das unidades de Nova York e St. Louis, também se manifestaram publicamente, demonstrando preocupação com riscos de inflação e com uma possível desaceleração econômica.

Collins explicou que o Fed dispõe de uma variedade de instrumentos que podem ser utilizados para oferecer suporte ao mercado. No entanto, ressaltou que qualquer ação dependerá “das condições que estamos observando”.

A presidente da autoridade monetária de Boston também é integrante do comitê de 12 membros responsável por definir a política de juros nos EUA — um grupo com influência decisiva sobre os rumos da economia global.

Fed alerta para risco de inflação persistente e impacto das tarifas

Na última semana, a presidente do Federal Reserve de Boston voltou a chamar atenção para os efeitos adversos das tarifas impostas recentemente.

Segundo ela, “quanto mais altas forem as tarifas, maior será o potencial de desaceleração no crescimento, bem como a elevação da inflação além do que se esperaria”.

A expectativa da dirigente é que a inflação alcance “bem acima” de 3% ainda neste ano, embora não preveja uma retração econômica “significativa”.

Essas declarações sinalizam que, na visão de Collins, a inflação deve seguir acima da meta de 2% estipulada pelo Fed a longo prazo — o que pode dificultar cortes na taxa de juros no futuro próximo.

Desde que o novo pacote tarifário anunciado pelo presidente Donald Trump entrou em vigor, no início deste mês, membros do Fed têm adotado um tom mais direto ao discutir os impactos econômicos dessas medidas. A preocupação com a trajetória da inflação e com o crescimento tem sido recorrente em discursos e entrevistas recentes de dirigentes da instituição.

Além disso, pesquisas recentes, como a da Universidade de Michigan, apontam uma queda expressiva na confiança do consumidor e indicam que as expectativas inflacionárias de longo prazo continuam subindo — um fator de risco que pode alimentar um ciclo persistente de aumento de preços, caso não seja contido.

Falando em Hot Springs, Arkansas, o presidente do Fed de St. Louis, Alberto Musalem, reforçou essa cautela ao afirmar que o cenário atual exige “vigilância contínua” e “monitoramento cuidadoso” dos dados econômicos.