
O Fed (Federal Reserve) decidiu nesta quarta-feira encerrar, a partir de 1º de dezembro, o processo de redução de seu balanço patrimonial de US$ 6,6 trilhões (movimento conhecido como aperto quantitativo) em meio a sinais de que a liquidez no mercado monetário vem diminuindo e que as reservas bancárias estão em queda.
A decisão foi anunciada após a reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto), que também reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa entre 3,75% e 4,00%. A medida indica que o banco central norte-americano busca calibrar a política monetária para evitar um aperto excessivo nas condições financeiras.
Com o fim da redução do balanço, o Fed deixará de permitir o vencimento mensal de até US$ 5 bilhões em Treasuries sem reposição.
Em vez disso, passará a rolar integralmente os títulos do Tesouro que vencerem, mantendo estável seu estoque de ativos governamentais.
O banco central também manteve o limite de US$ 35 bilhões para o vencimento mensal de títulos lastreados em hipotecas (MBS), valor que nunca foi alcançado desde o início do processo de redução do balanço, há mais de três anos.
Contudo, a partir de dezembro, todos os rendimentos desses papéis serão reinvestidos em títulos do Tesouro, consolidando a mudança de postura para uma política de balanço neutra.
As decisões refletem a preocupação do Fed com o equilíbrio entre o controle da inflação e a preservação da estabilidade do sistema financeiro, num momento em que os sinais de desaceleração econômica se tornam mais evidentes.
Liquidez sob controle
Analistas que acompanham de perto a política do Federal Reserve interpretaram as decisões recentes como um sinal de que o banco central americano atingiu um ponto de equilíbrio.
Para eles, o nível de liquidez atual parece suficiente para permitir que o Fed mantenha controle firme sobre sua taxa básica de juros, sem eliminar totalmente a volatilidade natural das taxas do mercado monetário.
Durante os últimos anos, o objetivo do chamado aperto quantitativo foi justamente retirar parte da liquidez excepcional que havia sido injetada no sistema financeiro no auge da pandemia.
Naquele período, o Fed comprou grandes volumes de títulos públicos e hipotecários para sustentar a economia, fazendo com que o tamanho de seu balanço patrimonial mais do que dobrasse — passando de níveis pré-2020 para cerca de US$ 9 trilhões em meados de 2022.