A Guerra de tarifas entre China e EUA pode afetar a oferta de remédios nos EUA, afirmam especialistas do ramo farmacêutico. O gigante asiático é detentor 80% dos insumos necessários para a produção de amoxicilina, antibiótico mais usado no país norte-americano. O CNN Business publicou uma reportagem completa sobre o tema.
A imposição de tarifas aos insumos farmacêuticos por Trump pode aumentar os preços e prejudicar a promessa do presidente republicano de diminuir o preços dos remédios no país. País já está passando por crise na oferta de remédios. Na China, Xi Jinping não fez nenhuma ameaça pública sobre isso.
“Aumentar as hostilidades comerciais ou conflitos mais prolongados poderia devastar nosso acesso à amoxicilina ou aos ingredientes usados para fabricá-la, caso Pequim transforme sua supremacia na cadeia de suprimentos em uma arma, disse Rick Jackson, fundador e CEO da Jackson Healthcare, proprietária do único fabricante de amoxicilina dos EUA, em entrevista à CNN
Leland Miller, membro da A Comissão de Revisão Econômica e de Segurança Estados Unidos-China, afirma que o monopólio farmacéutico da China em relação aos EUA é “prejudicial para a segurança americana”. “Apenas por ter o poder… mesmo sequer puxando o gatilho, nos faz mudar nossas posições sobre muitas coisas, e isso não é bom” afirmou Miller à CNN Business
Essa é uma das razões que motivou a administração Trump a iniciar uma investigação sobre a importação de produtos farmacêuticos e semicondutores em abril deste ano, ainda antes do anúncio de trégua. Até então, as tarifas impostas pelo país não incluíam os remédios e os semicondutores usados na produção de chips.
O clima de tensão escancara a dependência dos EUA na oferta de remédios.
Domínio chinês
De acordo com os cálculos feitos pelo CNN com base nos dados do Census Bureau, os EUA importaram 96% da hidrocortisona (ativo usado para cremes que diminuem coceira), 90% do ibuprofeno (substância amplamente usada em analgésicos) e 73% do acetaminofeno (também muito usado em analgésicos) de todo o país, todos da China.
Até os genéricos (medicamentos que promovem o mesmo efeito terapêutico dos produtos de marca) dos EUA, muitas vezes vindos da Índia, são normalmente produzidos com insumos chineses.
Além das vantagens de custo, a industria farmacêutica chinesa também tem forte apoio do governo desde 2015. A “Made in China 2025”, estratégia de crescimento industrial proposta por Xi Jinping, identifica a biofarmacêutica e a produção médica avançada como pontos chave para impulsionar a expansão do país e reduzir a dependência de tecnologia estrangeira.
Posteriormente , a pandemia de Covid-19 foi um dos momentos que expôs a dependencia global da China para insumos farmacêuticos.